24.1.09

Onde estão vocês?


Blogues: the final frontier...


Nem pensar... Vejo inúmeros blogues temáticos, e poucos em que os autores se coloquem lá por inteiro, nas opiniões, nos desabafos, nas apreensões, no riso... focando apenas um tema (poesia, astronomia, literatura, engenharia, informática, coleccionismo, arte, eu sei lá... uma miríade infindável de temas e opções).

Um blog devia ser como um jornal: traz de tudo. Sociedade, opinião, economia, politica, desporto, tempo, mensagens... todo um mundo que não sabemos o que vamos encontrar quando o vamos ler.

Legitimamente existem (e ainda bem) blogues temáticos. sabe-se com o que se conta e vai-se lá como se vão às homepages (aos sites de jornais, museus, pessoais, engraçadas, chatas, giras, interessantes, absurdas, bla bla bla...). Mas não devia ser (talvez) a maioria. Os autores estão ali, criaram um blog e, ou se limitam a colocar quase notícias relativas ao assunto em causa (poesia, cinema, artes, etc) ou se limitam de outra maneira: escrevendo apenas um diário virtual.

É precisamente este meio termo que não encontro neste novo mundo dos blogues que agora comecei pelo simples prazer da partilha, que pensava ver na maioria dos blogues deste vasto mundo que é a net. Por favor não me tresleiam: estou apenas a pensar de alto.

O que se escreve é para se ler. Dias com coisas interessantes, dias sem interesse nenhum. Não é também assim a nossa vida? E não devia ser o blogue um reflexo dela?

Partilhemos mais. E claro que isso pode trazer dissonâncias em assuntos de opinião. Os comentários, pela visita geral que tenho feito, são geralmente sempre simpáticos, condizentes. Será por isso que muitos se coíbem de escrever muito a sério ou, pelo menos, com ênfase própria, por receio de deixarem de visitar ou de seguirem o blog?

A frontalidade aqui deve ser entendida como respeito, amizade, e não como debates entre blogs. Mas pode sempre deixar-se uma opinião. Todavia, será esse o principal motivo de tanta gente pouco opinar sobre os chamados temas fracturantes, a mera actualidade, ou o que quer que nos suscite interesse (um filme visto, ma música ouvida, uma discussão tida, uma asneira feita, um gesto que merece elogio...) limitando-se à poesia (que tanto gosto e adoro, e sobre a qual felizmente fico preenchido com os contributos existentes a esse nível na net), e diários pessoais sem opiniões, com pouco mais nas suas páginas?

Ousemos ser. Por inteiro. Na nossa fragilidade e naquilo que pensamos ser o correcto. As ideias discutem-se para isso. Para limar, para alertar, para partilhar, para aprender e informar, até para ensinar...

Desculpem-me se estou a ser emproado como iniciante que sou nestas lides, mas façamos dos blogues o reflexo do que somos (reservas privadas à parte do que se entender, obviamente).

Não é que esteja a primar por diários abertos à intimidade (e porque não?), mas usar o blog como ferramenta de comunicação de si (cada um de nós) como um todo.

Fiquei algo surpreso por talvez pensar que todos davam as mãos numa irmandade bloguista, comungando interesses (como acontece) mas partilhando também mais. Há tanta coisa bela que encontrei, pérolas impressionantes dos mais variados temas, que não têm visualizações, ou são raras, e seguidores são poucos, ou nenhuns... Eu próprio senti vontade de as partilhar aqui, na esperança de que fosse visto por quem me leia. Mas não é nisso que reside o problema.
Ainda bem que existem pessoas que não se interessam se são lidas. Afinal os antigos diários em papel também não eram de mais ninguém. Mas colocar na net um blogue, sendo um acto voluntário, deveria também ser um contributo humano e pessoal nas áreas e temas e vidas que cada um entendesse fazer.

Hoje admiram-nos pelo que escrevemos (e supostamente somos); amanhã não nos ligam nenhuma. Seja. Apenas precisamos de ser fiéis a nós mesmos, actualizando embora, as nossas decisões. Por mim, gostava que houvesse maior partilha. Eu tento :(

Beijinhos e abraços a tod@s os/as amig@s virtuais, com um poema meu já antigo, e que aqui generalizo dedicando a quem me leia:

Encontrei-te, mas não me viste
choravas lágrimas de orvalho

Chamei-te e não me respondeste
quisera comungar do teu silêncio

Partícipe da dor
num absurdo de confissão.