28.1.09

Talvez um Dia...


Talvez um dia. Sempre. Quando a morte te fizer conhecer as entranhas do sofrimento. Talvez nunca. Marejar-te-ão os olhos de infâncias perdidas. Quererás morrer sem um sentido ou procurar em vão o sol que já não vês.

O mar é longo e lindo, e o céu outra passagem de infinito. As nuvens dão-te a cor, e sentir-te-ás filho do universo. Não receeis, então, a lógica humana. O sublime guarda-se e sente-se no mais sagrado dos silêncios, ainda que contenha dor.

O mundo ensombra-te com a fúria da agitação constante e forçada. Ris e falas, mas a tua alma solta lágrimas de exaustão e intranquilidade. O inverno empatiza-se contigo, molha-te e sopra-te no rosto como que a dizer que também ele se acostumou à dor, mas não percebes que a noite também tem o seu silêncio e o seu encanto.

Tornas-te ainda mais insatisfeito, e o teu existir agarra-se visceralmente à tua carne. A razão fecha-te os olhos e impiedosa obriga-te a avançar.

Nos dias mais quentes, a brisa afaga-te o rosto tentando acalmar a tempestade que sempre escondeste, mas mais uma vez não consegues ler esses sinais, e julgas-te apenas mais um, entre milhares de seres vivos!

Acorda. Sorri. Deixa que o mar e o céu e as nuvens e o vento e a brisa te devolvam à vida a que sempre aspiraste e a quem tens direito. Então não sabias? O céu continua lá, e a vida mantém-se, mas és tu que a tem de polir, de lhe dar o brilho do encanto, fazendo de cada dia uma esperança renovada. E tens tantos exemplos à tua volta. Tantos!

Por isso renasce. Muda de nome, de atitude, e solta o teu espírito prisioneiro. Alegra-te, sorri, adormece e ouve o som das fadas. Elas existem se tu deixares que sim. Como tudo o que é luz a que nós fechamos a janela. O mundo que gira à tua volta não é um mundo absoluto. O mundo que gira à tua volta tem tanto medo de ti como tu dele. Ah não sabias? Não sabias que o mundo é apenas a soma das partes?

Deixa toda essa inquietação. Vive em cada dia o que puderes, sem te esqueceres que nada és a não ser aquilo que sentires ser.
... Sentirás a Vida!