14.2.09

O AMOR É FEITO DE NÓS

Como diz Sofia Barrocas, é curioso como na era da comunicação um dos maiores problemas nas relações, amorosas ou não, seja precisamente a comunicação.

Auto-impomo-nos modos de vida e de ser que contrariam a nossa natureza: queremos ser politicamente correctos, não dizemos o que pensamos, disfarçamos as nossas emoções, mascaramos o nosso sofrimento, contemos a nossa alegria. Fazemos terapia, ioga, meditação, ginásio, cultivamos relações virtuais, (os blogues, e não só, que o digam) mas levamos a vida a correr, não temos tempo nem para ouvir a nossa própria voz, quanto mais a dos outros. E, se calhar, bastava ter a coragem de falar de nós ao outro, de ouvir o que o outro tem para nos dizer, para muitos dos nossos problemas não existirem.

Vivemos na ânsia da relação perfeita e lidamos mal com o facto de não a encontrarmos - mas a relação perfeita não se vende no hipermercado. É preciso procurá-la, alimentá-la, construi-la. É preciso sofrer por causa dela, é preciso acreditar nela quando tudo está tão difícil que só apetece desistir e partir para outra. É preciso assumir que essa relação se faz de altos e baixos, de tentativas e erros, de alegria e de tristeza.

São Valentim foi um bispo que na antiga Roma teve a coragem de desafiar o poder do imperador e casar os apaixonados quando a lei o proibia, à custa da própria vida. Tal como São Nicolau inspirou a figura do Pai natal ao presentear meninos pobres com o que lhes fazia falta, nomeadamente o próprio calçado, fazendo-o pela noite às escondidas deixando nos parapeitos das janelas. Seja ele a inspiração para os namorados do séc.XXI.

E possamos todos nós desafiar as amarras interiores que nos impusemos e viver livremente o(s) amor(es) que escolhemos.

Caso contrário, somos ignorantes no amor, carrascos do nosso próprio coração, e confundimos prazer com felicidade. Até lá, libertarmo-nos de grilhões auto-impostos, sejam eles quais forem, seja por medo, rejeição, vergonha, egoísmo, cobardia... impõe-se como condição imperativa para quem quer ser Pessoa.

Porque não começar agora?