1.6.09

UMA ANGÚSTIA FELIZ?


Crescemos, aprendemos teorias filosóficas e ideias novas que nos abalam o segredo da fé em Deus e em nós mesmos. A humildade de sermos grandes no espírito, a inocência do tudo saber!

Só com uma visão profunda do mistério da vida, cresceremos vigorosos e limpos. Limpos de preconceitos fabricados por livros de universidades, por existencialistas, apologistas do nada, preconizadores do vazio. Que maior autoridade pode haver entre Kant, Platão, Nietzshe, Sartre, Kierkgaard, Alberto Camus ou cada um de nós? Só nas coisas simples, pequenas e humildes da vida se encontram as maravilhas para o acto de viver. Quem ao nascer e crescendo levar consigo tudo o que aprende sem destrinçar ideias, ficará inchado de saber vão, e pior ainda, a confusão torná-lo-á um sobrevivente do futuro, calcando, passando à frente e perdendo-se a si mesmo até à primeira ideia de suicídio. Não havendo amor e coerência pela verdade, acontece o que vemos: uma desenfreada paixão por nós mesmos traduzida numa auto-inerrância que só a nós nos convence, cegos como ficamos da auto-crítica, e tantas as religiões quantos os indivíduos.

O Homem automatiza-se julgando-se um ser omnipotente, tudo fazendo por si. Encontra na era da informática e outras tecnologias, no mais sofisticado acto de viver, a sua realização. O homem é incomensuravelmente mais do que uma máquina por si criada. A máquina executa mas não percebe nada de ética, nem de moral, embora teimemos em julgá-la como o nosso Deus e guia.

Escreve o poeta brasileiro Paulo Bonfim:

“Em nenhuma esquina do teu bairro
encontrarás o Domingo
da tua infância,
povoada de pássaros e melodias.
Inutilmente,
encontrarás a sombra antiga das árvores
e os crepúsculos tranquilos do mundo
que perdeste.
Hoje,
és um ser
penetrado de ruídos,
e em redor da tua angústia
desfilam máquinas estranhas
e a multidão de rostos
que não conheces”.

Quando me quiserem encontrar, procurem-me na SIMPLICIDADE.