4.7.09

A TI, ESCOLHEREI...


Conta-se que por volta do ano 250 a.C, na China antiga, um príncipe da região norte do país, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, deveria casar-se. Sabendo disso, resolveu fazer uma "disputa" entre as raparigas da corte ou quem quer que se achasse digna da sua proposta. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio. Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu-se triste, por saber que a filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar a casa e relatar o facto à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula:

- Minha filha, o que vais lá fazer? Estarão presentes todas as mais belas e ricas raparigas da corte. Tira essa idéia insensata da cabeça, eu sei que deves estar a sofrer, mas não tornes o sofrimento uma loucura.

E a filha respondeu: - Não, mãe, não estou a sofrer e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é a minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz.

À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de facto, todas as mais belas raparigas, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:

- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.

A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos etc...

O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, não precisava de se preocupar com o resultado.

Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada tinha nascido. Dia após dia ela percebia cada vez mais que o seu sonho estava mais longe, mas cada vez mais profundo o seu amor.. Por fim, os seis meses passaram e nada tinha nascido da semente. Consciente do seu esforço e dedicação a jovem comunicou à mãe que, independente das circunstâncias voltaria ao palácio, na data e hora combinadas, porque nada pretendia além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.

Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores.

Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.

As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reacções. Ninguém compreendeu porque é que ele tinha escolhido logo aquela que nada tinha cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu:

- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, porque todas as sementes que entreguei eram estéreis...


A honestidade é como a simplicidade e a humildade. É tudo o que somos e mais do que temos. Mesmo que nos ponham de lado, ou não percebam a naturalidade do ser. Simplesmente ser.