7.2.10

FALSAS CERTEZAS


Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de um Quase! É o Quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo o que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga! Quem quase passou ainda estuda! Quem quase amou não amou! Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna. A resposta está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença de um Bom Dia quase que sussurrado. Sobra cobardia e falta coragem até para ser feliz. É preciso em tudo o meio termo, dizemos. Mas não. Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo o mar não teria ondas e os dias seriam nublados! O nada não ilumina. Não inspira! Não aflige! Não acalma. Apenas amplia o vazio mesmo daqueles que se julgam demasiado bem consigo próprios. Talvez demasiado bem consigo próprios. É porque alguma coisa vai mal.

O arco-íris em tons de cinza prefere a derrota prévia à dúvida da vitória. Para os erros, perdão (mas temos de admitir perante nós mesmos que errámos). Para os fracassos, hipóteses, novas chances. Para os amores impossíveis, tempo! De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar a alma. Só temos uma vida para viver. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor, não é romance. Não podemos deixar que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Não podemos deixar driblar-nos por nós mesmos em falsas certezas, qual espelho distorcido do nosso interior. Desconfia do destino e acredita em ti. É preciso fazer mais do que sonhar, fazer mais do que planear, viver mais do que esperar. Porque embora quem quase morreu esteja vivo, quem quase vive, já morreu. Isso, e as falsas certezas.  Bom fim de semana :)