17.3.10

AZUL DO MAR

O mar está aqui. Calmo e profundo. Das ondas a areia, da areia as rochas, e das rochas eu. Um calor ténue de sol inebria-me com violência e nostalgia-me. Uma brisa quase-vento, transporta-me. Há todo um silêncio neste barulho contido. O das algas e gaivotas, do azul do céu e do mar. O das ondas.

Metamorfoseio-me sempre naquilo que sou. É inútil apelar à douta razão. Chama e dá coordenadas mas não tem legitimidade no meu mundo. Mesmo quando quero. São azuis de alma. Salpicados de intenso cheiro a mar. O mar e as rochas. O pio entrecortado das gaivotas silentes. Elas têm silêncio no barulho que transportam. O mesmo silêncio do marulhar e das ondas sôfregas de vida. Ou de morte. Estalactites do sentir moldados nas ravinas dessas ondas. Imensas.

O mar está aqui. Calmo e profundo. De mim as rochas, das rochas a areia e da areia o mar. Sempre convulso e calmo. Pujante. No inquietante chamamento prenhe de vida. E de sentir.