20.5.10

UMBIGOS



O calor vai apertando ainda que não seja de vez. Leio nas mentes conexões difusas de vidas atribuladas esperando a catarse na vida, no momento presente. Como se fosse imperioso ser já, agora, sem direito a discussão. Porque sim. E a minha verdade é maior que a tua. E não interessa o que pensas, mas sim o que eu sentencio. E está tudo mal... menos o que eu penso. A possibilidade de erro só existe nos outros, não em mim. E por isso avanço sem pejo. Porque quem não pensa julga-se certo. E o mundo só faz sentido se o meu umbigo também fizer...

Depois apercebo-me por uma visão psico-analítica e quase espontânea (outras vezes por dados coligidos de sinais não perceptíveis ao próprio), que existe um défice de conhecimento invariavelmente sonegado pela auto imagem. Resultado: várias realidades, várias interpretações, muita estalada encapotada em palavras amigas. Somos humanos, somos frágeis, e só a humildade do nada sei, nos pode conduzir ao mundo interior e, por ele, ao do outro. Pretender ler a realidade apenas com a nossa grelha, é subsumir o padrão. Mas se somos todos diferentes e plasmados na vida por cores únicas apesar de matizes idênticos, nem por isso devemos tentar relativizar e chamar uma coisa àquilo que não é, só porque em nome da diversidade tentamos globalizar e homogeneizar... por vezes apenas agradar. E quando tomamos partido sem uma visão crítica do outro, metidos como estamos na habitual simbiose de sorrisos e alegrias de conveniência, estamos mais uma vez a darmos razão àquilo que pode não ter. São as falsas humildades...

A coragem de saber ser homem também passa por aí. Pela amizade que não idolatra. De outro modo estamos apenas trair o próprio viver. E a vida já é tão complicada, que tentar fazer ver aos outros quem é que está certo ou não desarmar perante a sua verdade universal, é tempo gasto para quem eterniza problemas que nem reconhece ou sabe ter.

Brinquemos, sejamos leves, mas responsáveis e amigos... Não pensemos tanto no tecido pessoal e no umbigo que julgamos ser o centro do universo. Nem sucumbamos à tentação de ir atrás dos outros porque já os conhecemos. É importante seguir a inocência, embora não a ingenuidade. A nossa mente nem sempre consegue descodificar o que não sabemos sequer existir, e aparecem comportamentos que o homem comum julga ser a sua realização plena. E se crescer é tornar-se adulto sem se adulterar, então quantos anões não há por aí metidos em alturas que nem eles sabem ser artificiais...

Venha daí esse abraço, devia ser a norma de qualquer um. Mas somos todos muito pequenos para conseguir voar mais alto. O que, no entanto, não é impossível. Basta querer. Desde que genuinamente e não como quem finge. E como estamos no verão, que tal um desconto nos saldos da vida, e aproveitar para libertar a mente simplesmente sendo? É que é tão bonito ser feliz... mas requer coragem!

Esta é uma das fotos que pus no filme anterior. Quando tirar mais, volto a partilhar. Gosto do verão assim... sem correntes ébrias de ondas de calor ;) Até os risos saem mais soltos... :):):) E aproximando-se as Festas dos Santos Populares, não deixem de comer umas sardinhas, oferecer uns manjericos, comerem um gelado, saborear a noite também no silêncio... Viver é tao mais simples quando pesnamos menos e agimos mais... Já pensaram nisso? Até já!