1.6.10

E OS ADULTOS, SENHOR?

O Cardeal de Lisboa e muitos políticos insurgiram-se contra a promulgação por parte do Presidente da República da lei dos casamentos por pessoas do mesmo sexo. Penso que um Presidente da República não se deve demitir tanto de intervir só porque o regime é semi-presidencialista; Cavaco tem sido pouquíssimo interventivo na efectivação do seu poder, mas também reconheço que sendo presidente de todos os portugueses e não apenas de alguns, um veto político seria mais pessoal e ideológico do que outra coisa, o que não me parece bem em quem representa o Estado por inteiro e não o Governo em particular. Logo, fez muitíssimo bem em promulgar a dita lei, independentemente do conteúdo.

Falou-se muito da professora de Mirandela, coitadinha foi afastada para uma biblioteca, dava aulas de Educação Musical, afinal até é boazuda, não se vê o problema... dizem. Como já referi noutro blogue, não tenho pena nenhuma da senhora. Leccionando num meio pequeno e sendo como que "figura pública" no meio em que está inserida, pousar para a Playboy não é exactamente o mesmo que ir à praia ainda que fizesse nudismo ou outras coisas quaisquer com amigos na esfera da sua vida privada. Todo aquele show-off tinha necessariamente de ter consequencias... ao que parece muito proveitosas para a jovem professora. E depois ainda vêm grupos de apoio nas redes sociais. É o que eu digo: haja bom senso... neste caso por parte da professora. Que, obviamente, o nao tem e sabe tirar proveito dos que se "solidarizaram" com ela...

Comemora-se hoje o Dia da Criança. Desculpem-me se vos pareço rude mas... e os adultos? Os direitos da criança estão tão enraizados e conhecidos pelos mesmos que ate já brincam com isso, usurpam o direito, esquecem os deveres e abusam da confiança com indicações de assédios e maus tratos (Muitas vezes inventados) só para proveito próprio. E os adultos? Quem dá a mão ao casal que está cheio de compras à espera do autocarro, daquele outro que com o filho ou filhos espera longas horas no posto medico e depois tem tantas outras novamente para ir para casa porque os automóveis ainda não são exclusivo de todos? Quem acode à classe baixa, media-baixa e mesmo media agora cada vez mais desnivelada na sua legitima aspiração de compra de casa, de ferias, de bens essenciais, com cortes em tudo e aumentos noutro tanto? E naqueles postos de emprego que inevitavelmente têm de ser aqueles e cada vez mais autoritários em termos financeiros?

Estamos no tempo quente a adentrar-se para o verão pleno. Fico sempre com a impressão que o tempo de férias é um tempo interior de vazio. O mais natural é esse sentimento de amar as férias, e também de não se gostar nada da chuva etc. Eu encontro pacificação no tempo outonal, como que a retirar a loucura de verão. Acho que as pessoas estão menos nelas; divertem-se, mas não se encontram, uma estranha sensação de vazio. Ao ler isto no facebook, o amigo Élio respondeu-me com uma citação que transcrevo e que diz melhor o meu pensamento:

"Então as férias convertem-se numa fuga louca e o descanso num esforço vão por encher o vazio interior acumulando experiências sempre novas, procurando estimulantes sempre mais fortes ou deixando-se espremer de maneira infantil pela "indústria do tempo livre». No entanto, mais tarde ou mais cedo, corre-se o perigo de encontrar tudo aborrecido já que nós mesmos, com o nosso próprio vazio, somos a fonte e a causa do nosso próprio tédio e aborrecimento. É bom escutar uma vez mais a sabedoria do filósofo Pascal: «Toda a desgraça dos seres humanos procede duma só coisa que é não saber permanecer em paz dentro de uma casa». Dentro da própria casa, no nosso espírito... "

A todos o meu sempre abraço e carinho...