4.8.10

ABANDONO AFECTIVO

Com tanta comunicação, vivemos num mundo de incomunicação sempre que não damos atenção e amor ao outro. Pode parecer redundância e até paradoxo, mas não é. Existe um efeito boomerang na afirmação, porque se recebe quando se dá, mesmo feito de maneira altruista ou desinteressada. Uma vez mais a questão de sermos seres relacionais, de sermos um deus (menor) ou uma besta se capazes de viver sozinhos. Uma vez mais a Partilha! Sempre gostei muito desta palavra e mais ainda da sua concretização. Não é por acaso que a depressão se instala entre quase moda e efectiva doença. É a competição, o individualismo e a privação do contacto e do afecto. As pessoas sentem-se mais desamparadas e menos amadas. Há um abandono afectivo criado pelas sociedades modernas, fruto da competitividade. E quando à solidariedade se sobrepõe a eficácia (resultados práticos), entramos no mundo da comunicação cybernautica onde entra mais a incomunicação quando não damos amor e atenção ao outro. Curiosamente, o meio da comunicação anónima como as redes sociais, pode esbater, de alguma forma, solidões e sofrimentos, mas é sempre a autenticidade da entrega efectivada na atenção ao outro que se revela  a verdadeira comunicação, e não apenas estarmos informados de tudo sem sentirmos nada. Não é por acaso que existem supercompensações de superioridade em pessoas com problemas de inferioridade, mas é só uma defesa que nos cabe compreender e não julgar, e aceitando o porquê, estaremos a aceitar a pessoa. Porque na essência somos todos frágeis e a agressividade que revelamos é o grito mudo por amor...