16.1.11

DA AUTO-IMAGEM

Antes de mais quero agradecer os Parabéns que deram, quer nos comentários do anterior post quer por e-mail, pelos dois anos deste canto. É gratificante saber que muitos dos que me visitam mas não costumam comentar, o fizeram por e-mail por ser o aniversário do blog. Como escreve a querida Ailime: "Há palavras que por não serem simplesmente palavras ficam guardadas no coração". Obrigado, pois.

Relativamente ao post em si, a sempre presente e amiga Ana captou bem o conceito com uma citação que me deixou e que aqui lembraria em jeito de súmula do que escrevi: "Deixe que o barco da sua vida seja leve, carregado apenas com aquilo de que precisa, um lar aconchegado e prazeres simples, um ou dois amigos que valham esse nome, alguém para amar e alguém que o ame, um gato, um cão, um cachimbo ou dois, o suficiente para comer e o suficiente para vestir e um pouco mais do que o suficiente para beber, pois a sede é uma coisa perigosa."

Mas hoje vivemos muito na imagem. Tanto que acabamos por fazer representações da realidade e de nós mesmos. A nossa liberdade é proporcional à imagem que temos de nós mesmos. Mas a imagem pode não ser a real e então tudo se complica. Imagine-se que nos achamos o máximo, raramente erramos e temos sempre razão. Isso é já um passo para as aferições sobre terceiros saírem, elas mesmas, erradas. Depois, toda a apreensão dos outros e do mundo fica enquinada nas falsas certezas que nos permitimos ter. Devemos olhar sempre no espelho da realidade aquilo que tantas vezes o nosso ego (porque é um ego) mente. É esse equlíbrio que precisamos sempre de ter: entre o que julgamos ser e o que realmente somos. E esse equilíbrio nao é estanque, definitivo. É exactamente isso: uma tensão de equilibrio que obriga a uma conversão diária do que somos ao que julgamos ser. Com muita alegria, dentro do possível, e muita frontalidade educada. Porque infelizmente o Homem ainda está muito desumanizado. Assim seremos mais pessoas, mais nós, e estaremos a contribuir para um mundo mais humano e verdadeiro.