15.5.11

IMAGENS DO TEMPO E DAS PALAVRAS


O tempo está estático.
No calor, o tempo fica sempre estático,
como se cidades abandonadas e tardes desertas nos enchessem.
Mas é o vazio que impera, nas palavras silentes e nos gestos por fazer. 


Os dias emprestam-se brancos como se esperassem a comunicação!
Faz alma no silêncio que te povoa!
E convoca os vazios do dia a juntarem-se ao teu deserto! Tempo estático!


O Tempo não se diz. Sente-se.
Mas também se escapa entre palavras assim.
Toscas no seu cheiro e na sua quietude como se um verão infinito. 


E de repente está lá tudo:
o inquebrantável mar
à espera que desafiemos em silêncios o que não dizem as palavras!

E mansa, a quietude instala-se
num olhar plácido e doce!
Sempre mar.
Sempre estático no Tempo!



Reverdesce nas soltas ondas de liberdade expressa,
esse mar azul e verde e diáfano
na densidade do Tempo!



Sente-lhe o cheiro. Inebria-te desse Mar.
E cai confiante no seu regaço imenso...

Adoçado, pleno, pacificador, amigo, confidente, estulto,
intemporal, avassalador, inquietante,
 prenhe de vida, infinito é o Mar.
Na colisão eterna com o Tempo.
E tu estarás algures entre a gota salgada
 e o copo citadino de um sumo de limão.
Inconsciente ou alheado
que a Vida é sempre Outra!