30.1.12

TOCAS SUAVE O PIANO



Tocas suave o piano com mãos sofridas de amor.
O teu sorriso é desencanto sóbrio de manhãs  que já não esperas,
e dedilhas triste a esperança que não sentes.

Tocas suave o piano
que se metamorfoseia noutras claves e sois que não estavas a compor,
e sentes de súbito que ele ganha a vida que não tens nesse rosto sem alento.

São agora as teclas que te compõem a musica que esqueceras,
e te iluminam o olhar com a magia antiga do sonho.

Que mudança é esta em que não queres acreditar?
Que terrível alegria é esta que te ressuscita a luz?
Que melodia te traz agora a alma
quando o piano e tu se fundem em acordes que não pensavas existir?

É porque tocas que a musica se compõe.
É porque não esperas que voltas a acreditar.
O piano devolve-te o futuro que enterraras
e o presente que não vives.

Mas é o dedilhar constante na musica da vida
cujo piano transportas como um adesivo na dor
que faz acordar a luz de que em cada musica
também existem outros sons e mundos
em que vale a pena acreditar.