15.3.12

METAMORFOSE

 
ah este grito de alma  chovido e molhado
este mar eterno  de onírica saudade
em trovoadas constantes e escuras
atravessadas  pelo relâmpago veloz
 
brotam da terra  as raízes que te crescem.
 na solidão de ontem, o martírio
e um cheiro balsâmico e bucólico
preenche-te o nariz inodoro
 
do leito dos rios  se transformam os peixes
em caudais imensos  de outros mares
e na imensidão  da espuma e do medo
jazes ali nas correntes vocíferas
 que te consomem a luz
 
mas eis  que  de repente
te constróis  sem pensamentos
pois que do viver a eles não lhes deves
legitimados que estavam
na tua antiga praia
cuja autoridade agora destituis
 
com um mar calmo e tranquilo,
 sagaz e  predisposto, sabendo
 que do mundo ninguém está só
nesta rede de fugas e de encontros 
onde mesmo o nada assegura alguma coisa
 
das algas da emoção,
do plâncton da esperança
e dos limos da descrença que te enredam
encontrarás conchas e areias
que te transportarão de súbito
numa maré cheia de mistérios ao
 podium da felicidade e do amor
que se encontra a cada instante
em que na vida te permites ser
 
...Na segurança, porém, de que
 cada dia tudo recomeça de novo,
perdendo-se sonhos,
ganhando-se esperanças e vontades
entre trovões e relâmpagos
 cuja luz te cabe a ti abençoar