13.5.12

MORTE AOS PEREGRINOS E CRENTES EM FÁTIMA


Leio na blogosfera um texto sobre Fátima onde retiro algumas partes, e que diz assim:

"Nunca entenderei como é que havendo tanta coisa sobre que despejar justificado rancor e justificada bílis haja quem os derrame desportivamente logo sobre a Igreja Católica e sobre o caso-fenómeno Fátima em particular. Sobre Fátima cristalizou-se um chorrilho preconceituoso, repleto de lugares-comuns e generalizações abusivas, as quais, ciclicamente, alguém vem disfarçar de ‘reflexão sociológica’ sobre o fenómeno. Quanto à Igreja é habitual lançar-se a rejeição e o anátema generalizados, estigmatizando-A com o vício manipulador, com o delito pedófilo escandaloso, com o arcaísmo e a inutilidade. Tarefa estúpida e caquéctica dedicar-se alguém a afirmar a Igreja, negando-A e insultando-A: mesmo para tão extremosa dedicação negativa tem de haver uma fortíssima paixão e um irreprimível desejo recalcado, pois o que nos não importa de todo também não é pensado nem mencionado. Sobre Fátima, eu só posso dizer bem. Fátima não promove o tráfico de droga. Fátima não procede à lavagem de dinheiro. Fátima não promove a corrupção social e política. Fátima não incentiva a prostituição. Fátima não ensina a roubar ouro. Fátima não avilta o ser humano. Fátima não faz mal a uma mosca. Ninguém discute os que pagam muitos euros, tantas vezes subtraídos à comida e ao bem-estar, para um Festival de Verão, por que se imiscuem no sacrifício e na sensibilidade íntima dos que caminham dias para alcançar o Santuário? Como consumidor de sublime, de belo, de intenso, de humano, de exemplar, tenho por Fátima um respeito e uma gratidão irrefragáveis."



Para a Igreja, Fátima não é um dogma de fé. Mas Fátima é toda uma exegese pedagógica de amor, é a razão a ser desafiada nos seus limites, porque se revolta em não compreender o Mistério. Aqueles  que por lá passam e se ajoelham em contrita oração, não são os fundamentalistas religiosos ou ateus, nem são pessoas acéfalas constantemente atacadas, como se ir a Fátima fosse conceder às mesmas uma crença menor! E por isso, sem entrar em mais considerandos - até porque os posts dos enésimos blogs são tantas vezes lidos em velocidade TGV e por isso também se fala agora no slow blog -, partilho o meu post com a citação acima.


Entender Fátima, Deus, ou tudo aquilo que a razão não consiga digerir, sem por isso se sentir acossada na sua superioridade intelectual, não é discutir num plano lógico-dedutivo uma regra de três simples, assim como também não é acreditar só porque sim. Na espiritualidade,  razão e fé não se invalidam, pelo que, crer nos duendes ou fadas madrinhas é contrário à razão, mas já não é contrário à razão ter fé, pelo que é no equilíbrio do respeito e não das esquizofrénicas baterias sempre apontadas à Igreja, a Fátima ou tudo o que a represente, que se deve discutir Fátima, sem por isso invalidar quem nela respeitosamente não acredite, ou quem nela acredite sem por isso menorizar os ateus. Também está na altura de sermos um bocadinho mais intelectualmente honestos, e não mostrarmos os dentes só porque não é o nosso clube, não percebemos nada de fundamentação teológica, e legitimamos a uma espécie de política clubística e partidária, aquilo cujo campo é outro horizonte, que por não o alcançarmos, espezinhamos sem cuidar de uma preparação para o entender e respeitar...




Nota: Agradeço à querida amiga Rosângela Pinho, o quadro de Nossa Senhora que saiu das suas mãos de artista. (Tal como nas fotografias, também neste caso o quadro fica ampliado carregando nele, e bem que vale a pena admirá-lo).