25.6.12

APRENDERÁS...

Já te choveu na praia? Já alarmaste o sorriso num inesperado momento? Hoje viste o céu cinzento e as nuvens estranhas? Não sentiste um calor doentio na aparente bonomia do tempo? E a dança? Tem-la sentido vagarosa e experiente nos interstícios do sentir? Água salgada sobre a ferida em súbito bálsamo da dor, que em luares brilhantes mitiga o teu alvorecer?
 
São assim as sereias da manhã, belas e femininas em metade-peixe metade-ser, cantando em pulmões abertos a canção que mais ninguém ouve, entre marinheiros desaparecidos das marés, denunciando elas mesmas a impossibilidade de serem totais nas metades que as fazem.
 
Assim como cada um tem a sua aurora, o seu sol e a sua noite, também tu cairás de frente para a dor, sabendo que a cada queda, outro passo te ergue, até as ondas rebentarem em ti, rochedo firme que nasceu de um nodoso molho de limos e que, não perdendo a cor, entendeu da vida que guarda o sal e o mar e a água, e que do azul do céu outras tempestades o fazem mais brilhante...