7.8.12

NA ANÓNIMA CUMPLICIDADE DO SILÊNCIO

Fecharei este teu livro como quem viveu a história de te ouvir o sorriso em cada esquina.  De me acompanhares nas noites de ninguém e nas tardes cheias sem mim. Procuro-te em págínas infindas de conforto e amor, e se não te ler entre capas vibrantes de textos premiados, sei que estarás nas letras juntas que me falam nos momentos silentes do quotidiano só, e neste abraço tão teu  que nenhum prémio me poderá dar! E se assim continuares nesta despercebida simplicidade, em todos os sítios do mundo retomarei o teu luar, até que me inundes ao sol da entrega com outras palavras pujantes de ti, linhas calmas e serenas que poucos lerão sabendo o que dizem. Fecharei este teu livro se outro me deres nos recantos vazíos da alma, incessantes bênçãos que só nós conhecemos na anónima cumplicidade de nos darmos...

Também te conheço as lágrimas, e não conseguirei sair sem te enxugar em mim a identificação brutal com que falas assim. Hoje choras, e eu estou aqui para dizer que são as lágrimas que renovam os sonhos, e quentes derretem glaciares intransponíveis. Choras no silêncio desencantado das ilusões, e estou aqui para dizer que não há alegria que não tenha nascido da dor mesmo que só anunciada.

No caminho solitário da manhã cheia de gente, também eu chorarei contigo em abraço solidário, e nessa humanidade que renovas em lágrimas simples que partem do céu, outro dia te aguarda até voares sobre as cidades e os campos em nuvens feitas de ti, porque se não chorasses, não entraria no céu do amor, a alegria que te faz...