29.10.12

DE POUCO VALES NO FUTURO

Pensamos no passado e pensamos no futuro, mas nunca pensamos no presente. Há pessoas que passam a vida a reclamar de tudo, a dizerem que nunca têm tempo para nada, e os anos passam e isso não vai mudar. Não porque nunca tenham tido tempo para nada, não porque tudo seja criticável e nunca haja nada de bom, mas porque essas pessoas são assim, metidas na urgência de si mesmas em espirais claustrofóbicas auto impostas que jamais as permitirão ser livres. Perseguem ideais que nem conheceriam se se concretizassem, pensam no futuro de forma tão exagerada que se descomprometem com o presente, e viver aqui e agora é apenas um recreio, um intervalo de tempo para pensar no futuro que pode nem vir, no futuro que provavelmente nunca será como se pensou por mais que se acautele, e no amealhar de tostões que nos dão sempre argumentos para não sermos mais generosos, mesmo quando podemos.
 
Um dia o tempo ser-nos-á retirado, e a pergunta que fica é o que fizemos afinal da vida, não dos momentos, ainda que necessários, em que preparámos o futuro, não dos momentos em que tudo estava sempre mal, não dos momentos em que nunca tivemos tempo para nada nem ninguém. Um dia o tempo ser-nos-á retirado e a pergunta que fica, é o que amámos, o que fizemos também por nós no presente, o que mudámos do que encontrámos, e como nos deixámos tocar...
 
Há quem ache que uma vida boa é ser rico. Pois eu penso que são os mais pobres entre os homens... Impõe-se perguntar sempre: onde está a nossa felicidade? E quem não sabe viver no presente, começa desde logo por não conseguir responder  a esta pergunta...