27.1.13

SEM RUÍDOS

Gostava que te revelasses sem ruídos. Conhecer o que julgas imperfeição e te causa sofrimento. Ver-te nas lágrimas a momentânea libertação de tanto peso e contenção e dor. Acarinhar o teu sorriso e mostrar que também eu sofro e agonizo e morro a cada inacção inoperante de uma vontade perdida entre os montes do desejo e a superior solidão. Depois, limpamos os olhos dos escolhos mentais que impedem a clareza, e de mãos dadas numa identificação extensível ao género humano que se ergue tanto em defesas, procurar nos sonhos o ideal que nos aperfeiçoará na diária conquista do futuro. Somos todos simultâneamente fortes e fracos, e o êxito nunca estará no que socialmente conseguimos, mas na margem de liberdade que pelos nossos sonhos alcançámos. Ser feliz é estar bem consigo e na contínua prossecução do bem comum, onde abraçados e livres, simplesmente somos. Mas primeiro precisamos de confessar a alma, e é nessa interacção humana que todos os castelos se desfazem para um caminho mais saudável no propósito de sermos mais pessoas. Implica lágrimas, solidão e dor. Implica alegria, energia e força. Mas intelectualizar as coisas em autosuficiências e orgulhos, afastar-nos-á continuamente do caminho, até que abrandemos na encruzilhada da desomnipotência e humildade, onde o êxito não é o que fazemos mas o que sentimos! E neste dinamismo de glória e derrota, receberás também tu as minhas lágrimas...