19.2.13

LAMENTO E GRATIDÃO

No teu olhar o desencanto
e a tristeza repetida
dos dias sem fim.
Sentes a música mentalmente
como companheira solitária
da tua própria solidão.

As noites vestem-te de dia,
mas vês conforto e companhia
no que outros vêem temor.
Mágicas identificações
em pequenos estertores de alma.

O sol brilha na tua noite
e estanca as dores
que a alma sente,
reclamando de ti
o poder que não tens.
Ou julgas não ter.
E assim vais de mão dada
com o falhanço e a tristeza,
o desencanto e a dor,
mas nas estrelas são outras
as pegadas que ficam,
simetrias que não vês
no mundo da luz,
onde as lágrimas são prémios
e a tristeza é sorriso realizado
num caminhar que o dia pressente,
mesmo que caminhes triste na noite
que amiga  te acompanha...

Um dia darás por ti em pleno sol,
e nesse dia visitarás de novo a noite,
agradecendo o abrigo que não tinhas,
entre falas e sorrisos que sempre houve.

E do meio da glória inesperada,
bem dirás a noite que acolheste...