14.4.13

LÍQUEN


Um silêncio de palavras.
Gestos e afagos
substituem agora o momento.
Envolto em mãos oblativas,
em colo de partilha,
como um regaço de amor.
 
E Tu. Sempre Tu.
Na condução da dúvida,
na entrega sem porquês,
no oceânico abraço da pertença
que chega mais longe do que
as palavras dizem.
 
Um silêncio de palavras.
Gestos simples
traduzem a hora.
E há sustos
 a cobrir a insegurança
e sorrisos
que confirmam a presença
como um esvoaçar
de amanhãs
no hoje que se inicia
assim
doce e belo
terno e simples
como as flores majestáticas do campo
e as ondas suaves na areia.
 
Um silêncio de palavras.
Aroma de mãos abertas.
Sorriso cúmplice de quem já se deu.
 
De repente o sol
um novo amanhecer
uma mão estendida nas nuvens...
 
E a noite chegará limpa
como a madrugada que
trouxe o teu ser suspenso
até à dimensão nova
de outro olhar
em voos incomensuráveis
pela certeza da entrega...