7.4.13

MÃO QUE AFAGA O ROSTO

na vertigem da entrega
estou aqui
nas mãos que se dão
estou aqui
nas nuvens que me eclipsam
estou aqui
na incapacidade de crescer
estou aqui
no vento que me leva
estou aqui
na chuva que me lava
estou aqui
nas palavras que não digo
estou aqui
na canção do sorriso
estou aqui
no êxtase que me transporta
e na melancolia que me sorve,
estou aqui
na ternura do olhar
e nas palavras que não exprimem
estou aqui,
na lágrima sem porquê
e no estertor do medo
estou aqui
sem jeito e confiante
receoso e dependente
estou aqui
como adulto que se censura
e criança que se dá
estou aqui
 sempre aqui
mesmo que fugido de mim
sem palavras nem silêncios
em simbiose pura
esperando sempre que
me pegues e percebas
codificado em gestos e sinais
como crisálida que rebenta
e entrega um novo ser