30.4.13

O IMPORTANTE É AMAR...

Há pessoas que gostam tanto delas que não conseguem amar os outros. Descobriu-se cientificamente que os afectos maternos estimulam as ligações neuronais, o que leva a uma melhor aprendizagem e a um aumento de memória e da inteligência. Se o carinho influencia as instruções genéticas, o curioso é que nós mesmos servimos de bloqueadores de indução do afecto, e isso é um total paradoxo, porque na prática significa que aceitamos estar doentes. A inteligência cognitiva é inquestionável, mas vejo-a como uma ferramenta, tal como vejo os conhecimentos técnicos. Exprimir emoções e afectos é uma aprendizagem contínua, mas pela qual vale a pena lutar, sob pena de vivermos personagens e não a nossa própria vida. Estar em contacto com o nosso eu interior, com as nossas emoções, pode ser tão mais importante do que tentar racionalizar as coisas numa vã tentativa de as resolver. Tudo se subsume sempre ao amor. Os vilões são, afinal, os que se recusaram ser em verdade, vivendo a existência paralela do seu próprio alter ego. E no fim somente encontram a libertação através da doação de si, o que equivale sempre a retomar a condição humana. Na realidade, sempre que nos despimos dela, entrámos já num jogo de fuga ou de recusa, e de artificialidade em artificialidade, erguemo-nos de barro em monumentais poeiras. Simplesmente ser. Como quem sorri com amor. Como quem abraça entrando no peito do outro que canta. Como quem se entrega porque acredita. E se depois houver desencanto, frustração e dor, também aí a marca humana esteve presente, em doses maciças de quem deu e amou, como um veleiro em águas revoltas, mas belas e profundas da densidade do Homem. Mas numa sociedade de miserabilismos e vanidades sociais, é igualmente importante apostar e crer que as águas revoltas podem igualmente ser belas e doces, translúcidas e paradisíacas, porque sem crer na beleza toda, estilizamos partes desfigurando o total até nova decepção. Tudo se resume de forma simples e clara: o importante é amar... porque o mundo poderá não ser melhor por isso, mas nós já o somos...