4.7.13

ANDANTE POÉTICO

 
O vento pergunta-te onde vais.
Respondes que sabes
 remendar a alma.

Nas noites longas do  sentir
e nas tardes breves da razão,
sentam-se hóspedes
que não convidaste
e entram perigos
que não conhecias.

A alma não se remenda
cortando com palavras
o que o coração sente.
Mesmo quando não sabe o quê.

E todos os caminhos
irão dar à fonte
que abandonaste!
 


 
 
 
Precisamos de amor e partilha.
De cortar silêncios
e empreender caminhos.
 
Precisamos de renovar a alma
e tirar o bolor racional
que nos corrompe.
 
Há muito azul por conhecer
debaixo da cinza vulcânica
com que maceramos os dias.
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
Caso o meu silêncio no altar da dor.
Abençoo a vida pelos milagres
imperceptíveis do coração.

Ergo a taça dos cavaleiros
que na bravura da alma
se vestiram sempre
de honra e dignidade
como um constrangimento escondido.

E sorrio sempre, 
como se o casamento
fosse de alegria e comunhão.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há marés que não baixam.
Pegamos nos botes salva vidas
e rumamos a uma praia mar.
Mas as ondas recusam
a levar-nos para longe,
porque elas sabem que
também as estrelas
estão sós, em cada maré viva
que nos decanta a alma.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Enevoam-se os meus olhos
 com amanhãs de júbilo
 e canções de amor.
 
Soltam-se as amarras do real
 e no sentimento
 feliz do sonho,
realiza-se a esperança
que trará outro ciclo de viver.
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando falares contigo, censura-te!
Dá um estalo ao pensamento,
e prossegue o caminho
que desconhece,
porque só é desconhecido para ele,
não para ti nem para vida
que lhe conhece a distância
da entrega onde vai!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 






Não há amor que não ame.
Mas se me deres a mão e disseres estou aqui
se me sorrires com o olhar e disseres
estamos nós
se chorares em gestos
a delicadeza do afecto,
então o medo será dos fracos
e o abismo será entrega
e a entrega será amor
e o amor seremos nós...
 
 
 
 
 
 
 
 
Hoje há meia luz em mim.
Do conforto que se insurge,
da paz que se quer instalar,
do salto que obriga a dar.
E com medo disto tudo
metido intramuros
observo aterrorizado
a minha própria doação...