Respondes que sabes
remendar a alma.
Nas noites longas do sentir
e nas tardes breves da razão,
sentam-se hóspedes
que não convidaste
que não convidaste
e entram perigos
que não conhecias.
que não conhecias.
A alma não se remenda
cortando com palavras
o que o coração sente.
Mesmo quando não sabe o quê.
E todos os caminhos
irão dar à fonte
que abandonaste!
que abandonaste!
Precisamos de amor e partilha.
De cortar silêncios
e empreender caminhos.
Precisamos de renovar a alma
e tirar o bolor racional
que nos corrompe.
Há muito azul por conhecer
debaixo da cinza vulcânica
com que maceramos os dias.
Caso o meu silêncio no altar da dor.
Abençoo a vida pelos milagres
imperceptíveis do coração.
Ergo a taça dos cavaleiros
que na bravura da alma
se vestiram sempre
de honra e dignidade
como um constrangimento escondido.
E sorrio sempre,
como se o casamento
fosse de alegria e comunhão.
Há marés que não baixam.
Pegamos nos botes salva vidas
e rumamos a uma praia mar.
Mas as ondas recusam
a levar-nos para longe,
porque elas sabem que
também as estrelas
estão sós, em cada maré viva
que nos decanta a alma.
Enevoam-se os meus olhos
com amanhãs de júbilo
e canções de amor.
Soltam-se as amarras do real
e no sentimento
feliz do sonho,
realiza-se a esperança
que trará outro ciclo de viver.
Quando falares contigo, censura-te!
Dá um estalo ao pensamento,
e prossegue o caminho
que desconhece,
porque só é desconhecido para ele,
não para ti nem para vida
que lhe conhece a distância
da entrega onde vai!
Não há amor que não ame.
Mas se me deres a mão e disseres estou aqui
se me sorrires com o olhar e disseres
estamos nós
se chorares em gestos
a delicadeza do afecto,
então o medo será dos fracos
e o abismo será entrega
e a entrega será amor
e o amor seremos nós...
Hoje há meia luz em mim.
Do conforto que se insurge,
da paz que se quer instalar,
do salto que obriga a dar.
E com medo disto tudo
metido intramuros
observo aterrorizado
a minha própria doação...