9.9.13

SAMARITANO

Grandes são as horas do caminho
como terra árida batida e ressequida
num deserto inóspito de alma.

Encarcerado na noite longa do desencanto, caído por terra,
exauriram-se as forças
do sol em que havia acreditado.

Caminhando errante
sem destino nem amor
soergue-se na morte da própria dor, e levantando os olhos sem brilho não sabendo já que estava vivo, vê ao fundo das areias
num caminhar ébrio e pesado,
adormecido do sentir,
nova fonte e nova luz,
um samaritano cavaleiro
que desce da montada
o recolhe e trata as feridas.

E quando retomado
da sua própria condição
perguntado quem de morte
o tinha ferido,
responde apenas
que nada tinha sido,
porque é sempre no amor que se autentica um homem
e não nas feridas que nos deixam
em cegueira indigna.

E o amor sorriu
quando da morte superou...