20.3.14

"NASCE, MORRE E RESSUSCITA"



A luz dos pomares no regaço
e uma gargalhada cúmplice de amor.
 
O poço vivo da memória
exaltando espirais rendilhadas
nas ameias de um palácio novo.
 
Entra o sol sorridente
em pedradas de fogo,
anestesiando os nenúfares frios
ao lado da alma, dormentes,
até as sereias subirem
 à tona da boca e
incompreensivelmente deixarem
no ar a comunicação
dos cantos ousados.
 
Hoje o dia faz-se assim,
para saberes que há sempre
passos que só tu podes dar,
a meio caminho da
 entrega e da vontade.
 
Sempre que a luz se finda
é porque não percorreste
 o caminho e deixaste
no vazio o amor.
 
Depois todo o gelo
se desfaz no teu olhar,
e pela primeira vez
em tantos egoísmos,
respira fundo a tua alma
como quem cumprimenta
o coração por já se saber dar.
 
...E as sereias voltam
à superfície do olhar,
e o sol aumenta de luz,
e o palácio brilha
 nas pedras preciosas da partilha,
uma refração de sentimento
em lábios sorridentes
de uma vida que se faz,
 ao entregares as mãos
no jardim silente e calmo
de uma fonte de amor...