4.4.14

DO CAMINHO


      
     
      O provisório e o temporário ganham raízes mas é no definitivo que está o coração. Porque a perenidade do amor, existe. Se me pedissem para me definir, seria pela simplicidade. Esta, subentende também a humildade e a alegria, mesmo quando não vislumbramos caminhos e só apetece afiar o dente. Simplicidade é estar de mãos abertas e alma receptiva, e como sempre costumo dizer, não se deve confundir com ingenuidade mas requer inocência. Estamos muito habituados a erguer camadas sobre camadas de defesas, mas sem entrega e sentido de humor desumanizamo-nos. A sociedade não é mais do que a soma de cada um de nós, pelo que nem sempre colhe o argumento do "é assim", mas coragem para sermos simplesmente nós.
       O que é o essencial em nossas vidas? Até aqui a confusão se instala de tão endémica pertença às coisas e situações e pouca às pessoas. São ipods, telemóveis ultima geração, e coisas muitas coisas como se pudéssemos dormir com elas ou receber o afago na solidão ou dor. Faria de bom grado a experiência de tantas pessoas, sobretudo em África, mas igualmente na Índia e tantas outras partes do mundo, que vivem literalmente do essencial sem invalidar as suas festas e rituais, que entre nós costumam ser mais para a foto com nomes pomposos como sunset party entre outros eventos onde duvido que a felicidade resida. É tudo muito bom, claro, mas se pensarmos duas vezes na vida social que se leva e no efectivo conforto interior que traz, vamos acabar por perceber que no fundo dispensaríamos tanta dessa actividade e teríamos mais espaço e muito menos stress dentro de nós.
      Uma vida com o essencial nunca começa pelas coisas, passa por elas como cores que nos alegram a existência mas detém-se sempre no encontro. É uma palavra muito importante: o Encontro. Connosco, com o verdadeiro outro também cheio de defesas, e  nesse encontro percebermos que viajar com alguém numa carrinha pelo mundo, ou fazer experiência comunitária de quem simplesmente se dá, é que faz pulsar aa fibras humanas que se vitalizam e engrandecem, porque soubemos que viver não é acumular coisas nem preencher a agenda, mas este descalçar de respeitos sociais, numa partilha que cabe a cada um fazer e descobrir...
      A vida julgar-te-á pelo caminho que fazes, pelas atitudes que tomas, e não pelo sítio onde queres chegar!