18.12.15

NATAL ASSIM

 
Nesta época as pessoas incomodam-se com a euforia, as compras, as luzes, as decorações, a música e o ruído, e muitas esperam ansiosamente que passe o Natal, mas estão enganadas na forma! O que provoca isso é o consumismo e a relatividade dos valores. Confunde-se o Menino Jesus com o pai natal, ou seja,  a interioridade com o comércio, porque o Natal não é a celebração do vazio, mas o despojamento simples e autêntico de quem se faz como Pessoa!
 
Vivemos no minuto seguinte, na hora seguinte, no amanhã, aumentando a espiral de ansiedade e incerteza, impedindo-nos de viver no presente, no agora, e de sermos felizes. O próprio Natal perde brilho quando não se anda abonado (o que, diga-se, é quase sempre) mas o Natal nao é a época das prendas. O Natal é uma lareira interior que acolhe um amigo, um abraço a quem o não teve, uma lágrima enxugada, muitos risos partilhados e a alegria do amor genuíno nas suas diversas manifestações. 
 
O que a sociedade faz do Natal, é uma mera festa de consumo, mas isso já somos nós a ir atrás da superficialidade das coisas, a entronizar o pai natal e a esquecer que o Natal é o presépio e não a árvore! E não tem necessariamente que ver com religião, mas com o primado judaico cristão de valores que o Ocidente perfilha! Quando não damos as mãos e nos achamos sutosuficientes, já subtraímos o nosso próprio quinhão de realização pessoal, porque é sempre no Outro que está a chave para sermos felizes! O resto, as prendas e a materialidade das coisas, são meros acessórios a colorir a nossa vida...
 
O amor é a condição fundamental. Podemos ter vidas espantosas e empolgantes ou extraordinariamente simples e discretas. Podemos ser conhecidos para o bem e para o mal ou praticamente ignorados pelos holofotes da fama, mas aquilo que é decisivo é o amor. E no Natal ficam apenas os resquícios de solidariedade com instituições e algumas pessoas, como se durante o ano não houvesse necessidade de ajudar quem quer que seja! Tal como as prendas: gosto de oferecer qualquer coisa mesmo que nao seja natal, nem anos, nem Páscoa! Dou tanto mais valor aos dias anónimos do ano, aqueles de 2ª a 6ª em que ninguém se lembra de ninguém e muito menos são épocas festivas.
 
Como nesses dias sabe bem uma sms (ou o whatsapp, vá), um sorriso, um gesto, um abraço que podemos sempre dar sem precisar de pretexto absolutamente nenhum! Esses costumam ser os meus pequenos natais! E porque não pagar um gelado,  oferecer um café, combinar uma saída...E, sendo assim, parece que as prendas institucionais do Natal perdem maior significado, porque sabemos presentear durante todo o ano com amizade imaterial e também em gestos concretos das coisas, mas porventura com muito mais sentido!
 
"Vai onde não possas/
vê onde não vês:
escuta onde não ressoa
e assim estarás onde Deus fala"
 
- escreve Angelus Silesius. Isso, meus amigos, independentemente das crenças, é Natal! E é deste natal de interioridade que vos desejo a todos quantos me visitam e comentam, um FELIZ NATAL!