13.2.16

O AMOR É O OUTRO

Uma história de amor pode ser a de "O Principezinho". A fragilidade da condição humana toca-nos mais quando a sentimos em nós mesmos ou no tecido humano de quem mais amamos. Repensa-se o sucedido à luz de uma experiência vivida e não teorizada. E guarda-se no nosso património imaterial, conferindo-nos maior sapiência de vida.

O Amor não se define e muito menos se restringe à genitalidade. E vai desde o simples gesto para com quem está ao nosso lado, ao mais rubro coração de namorados. É um tratado de alma. É um cativar. "Eu não preciso de ti e tu não precisas de mim, mas se tu me cativas nós precisaremos um do outro".

O Amor é entrega, doação. É dar a minha parte que acredita, que investe, que suaviza, que partilha, para também eu me completar.
 
Hoje só valemos pelo que formos amanhã. Maximiza-se o valor de tudo o que é sensorial, dinâmico, quantitativo. Esvazia-se a pessoa da sua interioridade num mundo de estímulos alienantes consecutivos, a cada nano segundo. Também valemos pelo que somos hoje, agora. Muitas vezes não sabemos o bem que fizemos ao Outro. Nem o Outro se apercebe do bem que nos fez a nós.

Valemos pelo que pensamos, sentimos e somos, pelo que cativamos e deixamos cativar. Temos necessidade de amar, e até o mais intrépido homem tem dentro de si um lençol freático onde crê, mesmo que não apreenda no esgazeamento de existir, essa capacidade de amar e de dar.
 
É o Outro a chave da existência. É o Outro que lhe confere significado e, por isso, é no Outro que nos realizamos. Precisar, cativar, amar, é a chave homóloga da razão da existência. Com sorrisos ou com lágrimas, no fim, é sempre o Amor que vence, mesmo que chegue trilhado, espezinhado, sofrido. Porque foi amassado no coração do homem, simultâneamente pedra e pétala.

E o pior de tudo, é que muitas vezes leva-se quase uma vida inteira para se perceber que não houve, mas devemos à nossa dignidade a liberdade e exigência do próprio Amor. E é o Amor o nosso rasto, mesmo depois de morrermos. Precisamos de nos sentir amados, e é por isso que só o Amor dá razão à existência!