30.3.18

SEXTA FEIRA SANTA

Por volta das três da tarde, Jesus morre na cruz, vítima de uma trama política e religiosa, e com um grau tão grande de stress que o suor é sanguinolento (hematidrose, uma situação rara provocada por um violentíssimo stress).
 
Porém, é a atitude que tem, vendo sempre mais além dos acontecimentos, nomeadamente durante a sua pregação pública durante três anos, que ensina a estar.
Tal como se aprende em inteligência emocional, já Jesus protegia as suas emoções, sabendo que são ...elas que despoletam todo o nosso agir, e por isso, mesmo quando os carrascos o crucificavam, ele sabia que eram vítimas da cultura tirânica do império romano, cumpriam ordens, não eram donos do seu destino, e que por trás de uma pessoa que fere, há sempre uma pessoa ferida. Isso não resolvia o problema dos opositores, mas resolvia o dele, protegia a mente e as emoções.
 
Num plano divino, a Deus não se chega pelo esforço intelectual que dele possamos fazer. Fé e razão são planos distintos e não se invalidam. Dizia um paleontólogo que "o problema de muitos é que mantêm uma imagem infantil de Deus e essa imagem não se dá bem com a maturação de uma visão científica do mundo. O conflito cognitivo não se resolve e quebra na parte mais débil: a experiência interior. Sem vida interior, não é possível crer".
 
Curiosamente, Einstein faz também aqui um paralelismo quando dizia que "uma espiritualidade que não brota do contacto com a vida, com as injustiças de inumanidade, não é espiritualidade".
Seja como for, é sempre um caminho pessoal, de interioridade e fé onde o significado da Páscoa vai além da metafísica e de elaborados argumentos, num processo único de caminhada individual na espiritualidade do que somos, ao encontro de certezas que só a dúvida desfaz...
 

29.3.18

O MOMENTO PRESENTE

Descartamos sempre para um futuro mais ou menos próximo o que podemos ser como pessoa, demitindo-nos de viver cada dia com maior intensidade, de sermos em plenitude a cada dia, a cada instante, a cada agora, e não remeter para amanhã o que podemos já fazer hoje! 

Um ideal é isso mesmo: algo inalcançável, de uma perfeição tal que não se obtém. É por isso que a melhor definição de felicidade é aquela em que vivemos e sentimos o momento,  o hoje! 

A ideia da felicidade como fruto de sonhos, por um lado desresponsabiliza-nos (pensamos nós), e por outro relega para uma suposta melhor altura aquilo que queremos ser e fazer. Ora isto só pode ter a ver com as condições ideais, mas cada dia gera em si a condição ideal correspondente que tem de ser agarrada, percebida, interiorizada, sob pena de vivermos sempre emprestados ao mundo e à vida, aguardando o tal momento que nunca chegará, pelo menos da forma como foi idealizado! 

É hoje, aqui e agora, pelo uso de tudo o que somos, que nos devemos manifestar, realizar e ser. E o mundo seria com certeza bem melhor, se das intenções se passasse à efectivação prática da amizade, da inteligência emocional, da simpatia, da entreajuda, dos valores universais do bem, e até as depressões seriam muito mais debeladas porque haveria o abraço, uma desconstrução do anonimato, uma partilha digna de pessoa, e não de um ser amorfo e distante metido nos seus pensamentos e centrado no seu ego.

É muito importante colocar em cada dia toda a presença, sorrindo, sendo, amando, deixando para os chateados da vida as recriminações de que está sempre tudo mal!

Há projectos compagináveis no presente, neste tempo, no agora, mas de tão habituados às rezinguices e maledicências e porque o totoloto não nos sai, pendura-se ali numa prateleira de pendentes as gratificações emocionais que, afinal, podemos ter já!  Caso contrário, damos por nós sem património  humano e em luta contínua quando, olhando para trás, não virmos as pegadas do que, afinal, podíamos ter sido...

20.3.18

DIA INTERNACIONAL DA FELICIDADE

Comemora-se hoje o Dia Internacional da Felicidade, mas embora o dinheiro dê muito jeito, não é nele que a felicidade reside. Confunde-se com dinheiro, mas felicidade é outra coisa! É fazer uma festa a um cão, é ter o rosto estampado de alegria, é abraçar o Outro, é sentir que somos amados, é ter o coração cheio de esperança, é ver o nascer do sol, secar uma lágrima, rirmos loucamente inocentes, ajudar o Outro, partilhar... 

Para quem ache que é poesia, vamos a alguns dados científicos: uma pessoa, que por. ex. tenha um índice de felicidade de 45, e que por força de algum euromilhões passe para 90, ao fim de três ou seis meses tende a voltar ao 45; da mesma maneira, uma pessoa com um índice muito baixo, por força de alguma doença, desemprego, desamor, etc., ao fim de outro tanto tempo, tende a voltar ao seu índice médio. 

Isto acontece porque não estamos constantemente com descargas de serotonina ou dopamina responsáveis pela sensação de bem-estar e prazer, e precisamente porque não se costuma viver no limite, necessariamente voltamos à nossa média. 

É sempre na autenticidade que reside o núcleo da felicidade. E geralmente a felicidade é-nos propiciada por tudo aquilo que é gratuito, as melhores coisas são sempre insusceptiveis de avaliação pecuniária, e é por isso que não se pode dizer que os ricos são pessoas extremamente felizes: porque a felicidade não se compra, e aquilo que o dinheiro proporciona é apenas conforto!

Muitos há que trabalham e lutam pelo sucesso, mas esquecem-se de que este é apenas uma componente da felicidade, essa que se encontra sempre na presença, na partilha e no amor...

19.3.18

AUSÊNCIA


 
 

 
 
 
 
Na saudade
de quem fica,
o gesto indelével
do amor,
como mãos
que se tocam
mesmo na ausência!

8.3.18

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

 
 
 
O Dia Internacional da Mulher acontece pela luta de mulheres que reivindicavam melhores condições numa fábrica onde acabaram por morrer queimadas, tendo este dia sido instituído em sua homenagem!
 
Todavia, tecnicamente não devia existir o Dia da Mulher, porque antes de mais a igualdade é intrínseca ao género humano, como a cor, a raça, orientação sexual, condição social!
 
Mas já que ainda estamos atrasados em preconceitos (a desigualdade é um preconceito, apenas) então que se ...usem estes dias para o lembrar.
Sobre a mulher acho lapidar esta frase de Simone de Beauvoir: "Não se nasce mulher! Torna-se!" Ainda assim, acrescentaria que podem sempre ser senhoras!
 
O resto, ter de haver "dias de..." são resquícios de uma sociedade no seu lento processo de civilidade e humanização...