3.10.19


Dizia Freud que "podíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons"! E assim é! Endeusamos sempre muito o intelecto, a inteligência cognitiva, e fazemos tábua rasa de outras valências e da própria inteligência emocional. Batemo-nos pelo ego como se fosse o alimento primordial, a massa unificadora de uma humanidade egoísta, outorgando à razão uma legitimidade que não tem. 

Somos muito mais do que pensamentos calculistas e aritméticas de vida, e não é no ego nem na inteligência cognitiva que está a realização pessoal; o ego precisa de ser cuidado até onde deve, garantindo a auto estima necessária, mas o resto é vaidade ou sobranceria. 

A melhor maneira de sermos, é sabermos quem somos, e geralmente apenas sabemos o que somos! E metidos nesta cegueira, deixamos o ego alastrar selvaticamente cortando cerce manifestações mais nobres de entrega, porque subservientes ao nosso eu racional que comanda a nossa vida com a idiota vaidade de quem julga saber tudo! Mas só a consciencialização das nossas verdadeiras motivações e porquês - o que implica um exercício de auto-análise e humildade -, nos livrará da arrogante opressão do eu, permitindo a liberdade de podermos ser verdadeiramente nós...

Só assim poderemos ter outra compreensão do mundo, do outro e de nós mesmos, e perceber que as dinâmicas da vida escapam ao desejo autoritário da visão egotista de quem não consegue ver mais além... É sempre nas coisas simples da vida e na partilha desinteressada, na comunhão com o Outro, que verdadeiramente somos felizes... Tudo o resto são fantasias do ego escudadas em inseguranças que nem sabe existir...