23.11.19

noite silente

Na noite silente, calma e
amiga comungas a dor,
E na alvorada constante do
teu desencanto, sofres a vida
em tristeza e temor.
Aquieta teus olhos
pousados no chão,
Pacifica essa noite
existente e vencida.
Reergue-te assim do
abismo gracio, onde
as asas te consomem
no sonho perdido.
E de olhos no céu e
com mãos em dádiva
Mãos abertas de piedade
e mágoa, sorri, afinal, pela
tua oração, acordando baixinho
de um sono refém.
E na luz do olhar, do deserto e
da noite, encontra as
pegadas que um dia perdeste.
Levanta-te pó, cinza e cera
que as velas da vida
maceraram em ti.
Na morada caótica da
aflição e dor, moram
também espamos de luz.
Faz-te e refaz-te
com tudo e com nada que
tenhas em ti, e o vento que
lava, que traz e que leva,
adormece no colo do desejo e sentir.
E retomando, por fim, o mesmo
caminho, em glórias e fracassos
de um único ser,
entrega-te ao dom, à vida e
à morte, em sois de alegria
perturbada e veloz.
Teus olhos cansados dizem
na noite o brilho da luz.
E num deserto sereno
erguem-se, também, poços de amor.
Luares da alma em gotas
imensas saciados
de paz...
E serás para sempre
imagem cravada na
chuva que dorme.
E em ciclos eternos de
dor e de paz, em convulsões
amenas de um hábito antigo,
descobres que não há
universo sem ti,
naa constelações perdidas
dos que teu mundo habitam...