9.4.20

AUTO SABOTAGEM



Não é a racionalização que nos esclarece sobre nós ou sobre os outros; só estando em contacto com as nossas próprias emoções, tantas vezes reprimidas, incapazes de as reconhecermos ou negando-as por medo ou outro motivo, conseguiremos dizer o que sentimos e sentir o que dizemos, num processo de transparência que só assim nos mantém em contacto com o que verdadeiramente somos e nos possibilita chegar ao Outro: não se chega ao fundo de nós, nem se entra no mundo do Outro, pelo mero processo racional.
As emoções serão sempre o portal de entrada em nós e no Outro. Em nós para nos compreendermos, e no Outro para nos empatizarmos (a empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar do Outro).
É por sabotarmos, nem sempre conscientemente, a verdadeira questão, que não vemos o problema, e sem identificar o problema, não o conseguiremos resolver, porque tratamos o sintoma e não a origem.
Sem um sobrecentramento narcísico, importa sabermos quais as aspirações e projectos exequíveis na continuação do nosso caminhar, para que a realização pessoal atravesse também o Outro em mensagens de esperança e de amor. Caso contrário, seremos egos balofos, julgando encontrar no espelho a realização que só a partilha pode dar! E o primeiro passo, é sempre a desconstrução do eu, e a escuta do que somos e sentimos, mas também do que precisamos. É, por isso, que o coração deve dizer o que sente, e o cérebro deve sentir o que diz...