11.4.20

SILÊNCIO E AJUDA

Faz-se silêncio. E num mundo de estímulos alienantes em que nos custa parar para ler, reflectir, pensar, simplesmente estar, meditar ou parar, o silêncio torna-se, ainda mais importante...
Há solidões disfarçadas, mansões desabitadas, cruzes que se carregam sem ninguém imaginar. Pode até parecer patológico, mas são apenas defesas propostas pelo inconsciente para mascarar a própria fragilidade. Precisamos mais do Outro do que supomos, mas se não houver silêncio interior suficiente nesse Outro, e se da inteligência lhe falta a sensibilidade, os nossos ecos estarão perdidos até que tomemos ao colo as nossas dores, não para as expiar, mas para nos suprir essa carência latente mas sempre velada.
É que também o Outro não pode tomar as nossas dores, e o nosso crescimento seria débil e dependente, num ciclo de vaidade e soberba intelectual camuflado em miséria e tristeza, se nós não nos soubermos escutar a nós mesmos... Os sentimentos mais nobres geralmente são os que se intuem, porque tal como um pobre envergonhado, dificilmente exporá em praça pública a sua condição, porque a sua dignidade não está comprometida. E, é também por isso, que a inteligência sem sensibilidade é um mero instrumento ao uso da razão. Ou seja, todos estamos comprometidos. Ou ainda, como diz Pessoa "ser austero é não saber esconder que se tem pena de não ser amado".
Precisamos de estar connosco para crescermos, mas não nos podemos separar do Outro para continuar e evoluir! Porque o verdadeiro alimento não está mais em nós do que no outro, nem mais no outro do que em nós. E é nesse equilibrio que nos precisamos de dar e de ser...