Temos um medo terrível de nos mostrarmos humanos, com as nossas fragilidades, mas não só é libertador, como pedagógico. Todos usamos defesas, mas quando se tornam tão fortes que nos escudamos em seres que não somos, é um oxigénio artificial que respiramos, é uma outra vida que vivemos.
A ideia de sermos o super homem, quer com um riso constante onde nada nos parece afectar, quer massajando constantemente o ego e preferindo ser estóico a partilhar, além dos que usam a maledicência para tapar um orgulho monumental, pseudo cheios de si e achando-se inerrantes, desdenhando do que não gostam como se as suas preferências, gostos, ideologias ou credos fossem, obviamente melhores, e já agora incontestáveis, são, afinal, ignorantes da sua própria mediocridade, sem sequer o reconhecerem por terem endeusado o seu próprio ego, o que corresponde à imagem adolescente da imortalidade e invencibilidade.
De nada valemos se não formos pessoas autênticas, genuínas, com formação humana (porque há muitos iletrados que dão lições de humanidade a tantos doutores já automitificados e bajulados por outros tantos, que apenas os idolatram pelo crédito social), mas também há muitos letrados que sob a capa de muita cordialidade e simpatia invejam os pares...
Precisamos de nos desconstruir para sermos em plenitude, mesmo nos aspectos mais desonrados. Só os verdadeiramente grandes são simples e humildes, porque uma pessoa continuamente forte, segura e feliz, com maledicência, orgulho ou cínicos sorrisos sociais, ou idolatrando os que estão no podium ou são famosos sem cuidar que não é daí que advém o valor de alguém, algures perdeu a noção de quem é, na imagem que forçadamente quer dar de si...