16.11.20

MOMENTO




 

Podiam as asas servir-te de fuga e longe voares na doce mentira.

Podia teu rosto alegrar-se na chuva e docemente sentires o cheiro da terra.
Fazeres da noite o dia infindo que alberga o sorriso e destrói os porquês.
Mas há pássaros feridos no voo que fazes e rosas com espinhos a guardar o perfume.
E sóis doentes na cama das nuvens em meteorológica febre que te desalenta o andar.
Há preços altos em prestações doridas que julgavas saldados em tempo de amor.
E anjos caídos levantando no vento a poeira da alma que os sucumbiu. Das velhas dúvidas e eternas perguntas, terás apenas o caminhar solitário.
Sente a brisa em dia tórrido e a chuva em canção de embalar.
Ouve os gestos que se erguem de mãos sublimes, e sente nos olhares o que da dor as palavras não ousam.
Nobre é o serviço aos outros como quem reza na vida pelos sonhos que tem, e algum dia nalgum tempo, serás tu a curar as asas, dos que caídos te oferecem agora o que nunca sonhaste ser!