11.1.21

INDIVIDUALIDADE E EGOÍSMO


Excepcionalmente não coloco uma fotografia tirada por mim, mas esta imagem. É uma imagem interessante que dá para reflectir. A ideia da auto suficiência, do auto crédito, do auto elogio, tem como correspondente simétrico uma necessidade de afirmação quase infantil, que tanto passa despercebida, como roça o egocentrismo ou uma centralidade do "eu", encapotada.

Autonomia é uma coisa: achar que sozinhos conseguimos tudo, engordando ainda mais o ego já por si enquinado e, por isso mesmo, com constante necessidade de se auto vangloriar, ainda que de forma velada, é outra.
Há um adágio que diz que "precisamos de mãe e de pai para nascer, mas são outras mãos que nos enterram", mas no entretanto muitos têm uma vaidade tal, um egotismo a roçar a soberba, que pensam que nesse intervalo de tempo se bastam a si mesmos.
Uma pessoa confiante, madura, sabe pedir ajuda, sabe dá-la, sabe reconhecer a finitude humana, e está preparada para não se ofender com mentes que, julgando-se brilhantes, são apenas um reflexo artificial do seu próprio vazio.
Só uma pessoa que não precisa de bajular nem que a bajulem, percorre o seu caminho na serenidade de que cairá, de que se erguerá, de que o politicamente correcto é para quem tem problemas de afirmação, tal como quem venera os socialmente bem cotados e famosos tem necessidade de ser apreciada.
Caso contrário, talvez conseguisse ver mais longe, nomeadamente que ser famoso não significa ter necessariamente formação humana, e que bem cotado não significa que o crédito que lhe dão seja, de facto, o que merece. E encontraria em tantos anónimos, o mérito e o crédito que outros não vêem, porque são pessoas anónimas, comuns, mas de uma riqueza singular ofuscada pela preocupação em estarmos ao lado dos que já são famosos e que nos fica bem mencionar.
A individualidade não é egoísmo, e sabe dar as mãos para juntos se chegar mais longe. Caso contrário, não passam de egoístas disfarçados em simpatias, que não alcançando o que pretendem, arranjarão sempre desculpas para a árvore ser alta, em vez de reconhecer que se não tivesse o ego inchado, teria chegado lá...