10.10.21

DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL


 Celebra-se hoje, o Dia Mundial da Saúde Mental, e quando se fala sobre a gestão do stress, costuma dizer-se que não é o peso absoluto de uma coisa que conta, mas o tempo que a seguramos!

Quanto mais tempo seguramos um objecto, mais pesado ficará, i.e., quanto mais tempo nos preocupamos, maior será o fardo! E não necessariamente do peso, mas da exagerada importância que lhe damos. Como quando chove e, enquanto uns se molham, outros apreciam a chuva. O que mudou não foi a chuva, mas a atitude perante ela. O que mudou foi a pessoa.

Outro ponto extremamente importante quanto à saúde mental, são as emoções. As emoções não são boas nem más. Dizem-nos apenas o que se está a passar connosco: são sinais, alertas. A gestão emocional também passa por aqui: escutar o que nos está a dizer aquilo que sentimos.

Umas vezes sabemo-lo intuitivamente mas fazemos uma negação; outras vezes descuramos com o argumento de adiar, mas é importante aprender a viver afectivamente bem connosco mesmos, e sempre que recusamos a emoção e o sentir, estamos a bloquear afectos e aprendizagens, a capacidade de sermos mais pessoas, mais humanos, mais nós, estamos a entrar no caminho fácil de não nos querermos conhecer e muito menos trabalhar, porque requer desconstrução para nos voltarmos a construir.

É muito importante actualizarmos as nossas decisões. A questão não é deixar de sentir, mas saber o que fazer com aquilo que sentimos, e reconhecer a necessidade que representa e não queremos ter. Mas está lá.

Um sentido autocrítico, o simplesmente ser, a capacidade do riso (não é por acaso que muitas empresas mesmo entre nós têm workshops do riso e começam logo de manhã com sessões de meia hora), a doação (através do amor, da amizade, da entreajuda e da partilha), a capacidade de relevar e esperar, a noção de que nem tudo depende de nós, etc., são tudo fonte de higiene mental, neste dia que lembra a sua incontornável importância, a começar nos bloqueios afectivos autoimpostos mesmo sem sempre o consciencializarmos...

A saúde mental requer a higiene que nem sempre temos, reféns que somos de crenças e perspectivas que tomamos como absolutamente certas só porque achamos que sim!

A resiliência é muito importante, mas igualmente importante é permitirmo-nos sentir a tristeza, o abatimento, sem forçar o que não sentimos, porque essa artificial invencibilidade emocional e psíquica, pode provocar um agastamento imperceptível com custos depressivos a médio e longo prazo, e que uma situação futura complexa mas natural de resolver, pode despoletar, julgando nós que era situação inesperada, que apenas foi buscar o que já estava latente dos tempos de forçar uma constante alegria e força.

Sem ferramentas tão simples como a humildade e a autocrítica, forjamos a realidade e dizemos que é ela que nos engana, precisamente porque no jogo de espelhos onde só nos queremos ver como super homens, está estampada a limitação que recusamos, ou que nem sequer temos a capacidade de a perceber...