30.11.21

VIÉS COGNITIVO


(Por motivos óbvios, e excpecionalmente, hoje apresento uma imagem em vez de uma foto minha, como em todos os posts).

Esta imagem é metade branca e metade cinzenta, certo? Errado. Já lá vou.

Dizia Freud que "podíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons".
De facto, o nosso crescimento é mais interdependente do que supomos. A ideia da independência e autonomia, é apenas uma projecção no espelho relacional, já que, para sermos livres, precisamos de não sermos prisioneiros do ego.
Aquele que se julga um selfmademan, não vive nem progride, nem se realiza como pessoa, se apenas olhar para o seu umbigo, até porque mesmo para o mero hedonismo de uma vida com tudo ao seu dispor, necessitaria sempre do(s) outro(s), e de alguém que o conheça em toda a sua interioridade, e o respeite e aceite por isso, (sob pena de não ter uma verdade existencial) e, nessa liberdade, seja ele mesmo, porque alguém lhe legitima a existência...
Sem uma constante autocrítica e análise, facilmente caímos em verdades que não existem, excepto na nossa cabeça, o que nos limita, não apenas na percepção da realidade, mas sobretudo quanto ao mundo do outro.
"Se acho, é porque é", é uma falácia que requer diariamente uma desconstrução do eu! O ego é sempre cego e facilmente comete injustiças. Precisamos de fazer luz sobre nós mesmos, e é aqui que entra o erro da percepção da cor de que falo no início.
Esta imagem mostra dois blocos: um cinzento e outro branco. Mas só se não usarmos a auto reflexão, se prescindirmos do trabalho da auto consciência dos nossos actos, atitudes, do que achamos dos outros e das situações.
A luz tem um papel muito importante. A tal autocrítica e desconstrução do eu. Se colocarmos o dedo entre os dois blocos, a tapar a linha do meio, veremos que, afinal, um não é branco e outro cinzento. São ambos cinzentos...
É por isso que temos de estar sempre muito auto vigilantes, sob pena da auto ilusão, de lermos mal o mundo e os outros, quando, afinal, o erro podemos ser nós...