4.2.10

SIMPLESMENTE SER



A felicidade é um estado de satisfação interior. Ser feliz não é a ausência de problemas até porque são factor de crescimento, embora vivamos no mito idílico de que a felicidade é o mais ter sem cuidar do ser. Em situações ditas normais a pessoa oscila entre a alegria e a tristeza, a coragem e o medo, a serenidade e a cólera, o amor e o ódio. E as emoções são o motor das atitudes e comportamentos. Senti-las e exprimi-las não é apenas fonte de higiene mental. É também um acto moral obrigatório. Diria mesmo um dever para que nos possamos realizar em plenitude. Se conseguirmos incorporar e viver a coragem, o amor e a alegria, quanto o desencanto, a decepção, o espanto, a glória e o triunfo, a tristeza ou o fracasso, não apenas nos aproveita a nós porque o exprimimos como a quem é testemunha ou destinatário dessa expressão, já que nos tornamos agentes naturais de pedagogia do comportamento na realização do ser. A gestão dos afectos e a permanente escuta de quem somos, devia ser a nossa norma orientadora de vida como pessoas sempre inacabadas e sempre em crescimento, aprendendo connosco e com os outros, o que requer humildade, coragem e luta. Exprimir as emoções pode ser uma aprendizagem contínua e mesmo trazer dissabores ou, no limite, inimizades, mas pela qual vale a pena lutar.

Tal como eu respondia na pergunta do desafio que lancei do Prémio Lobinho sobre se faria alguma coisa por amor/amizade, somos humanos, não andróides, só temos uma vida e este é o local para a expressarmos. Porque o mundo é a nossa casa. Se nos pensarmos auto-conhecedores, não apenas estagnamos como passamos a cometer injustiças. Ainda que involuntárias. Há pessoas que gostam tanto delas mesmas que nem se apercebem que não são capazes de amar os outros.