Escrever sobre política nunca foi qualquer paixão minha, e sempre que, tal como agora, ocasionalmente o fiz, nunca foi por ideologia política, mas por um férreo sentido de justiça que, de situações tão gritantes, me obriga a exprimir que, é exatamente por essa questão de justiça que escrevo, e não por partidarismos ou afins!
Trump e, na generalidade, a distopia mundial (é que nem é só internacional), e agora com as gigajogas de moções de censura, inquéritos parlamentares e moção de confiança, onde, obviamente, o interesse parlamentar da oposição é aproveitar espremer a "teta" até conseguir diminuir politicamente o primeiro ministro a fim de , finalmente, conseguir algum pretexto para o derrubar, vamos, então para eleições outra vez?
Isto está assim tão mau para brincarmos às eleições? E tendo, sobretudo, em conta, o momento fragilíssimo e perigoso da nova e emergente ordem geopolítica, e, pior, MILITAR?
Mas e, também como disse o PS, - (que despoletou toda a situação, acompanhado por um jornal de referência (o "Expresso" ), a fazer de pasquim ou de "Correio da Manhã)" - , se queriam tanto aferir da putativa obtenção de privilégio na empresa familiar do primeiro ministro, porque não deixar isso para a tal Comissão de Inquérito, nesta ou na próxima legislatura, como o próprio PS referiu?
Em vez disso, e de se terem posto a brincar com o fogo porque, nesta conjuntura, o que no imediato tem de importar, é a estabilidade política para poder fazer face, não só às realidades do país, como à urgência coletiva da Europa em se reestruturar e repensar, tornou-se-lhes indiferente ir a eleições! A SÉRIO?!?
Quanto tempo teria durado o governo de António Costa, - embora Pedro Nuno Santos e, precisamente por causa disso, mesmo tendo sido ministro, e se tenha afastado há muito dos costistas -, quanto tempo a maioria absoluta de Costa durante aquele ano teria durado?
Se a dureza e excesso de zelo atuais da oposição, não pela coisa em si, mas por mero exercício de ataque providencial político, tivesse sido usado no ominoso governo maioritário e autoritário de António Costa, na forma e na substância, quanto tempo teria o anterior governo durado?
Mas já todos se esqueceram da tão grande mixórdia de casos, que se tornou numa triste anedota, semana sim semana não, haver sempre um novo problema, um novo ministro, um novo secretário de Estado, uma nova taxa, cada uma das situações mais grave do que a anterior?
Foi tanta, mas tanta a pouca vergonha leviana, autoritária e desprovida de qualquer respeito mínimo pelas próprias instituições (que pessoalizaram a seu bel prazer) , e pelo povo, incluindo a maioria socialista que, ciclicamente parece uma cassete a votar cegamente, como se a realidade não fosse dinâmica nem houvesse uma unha a apontar ao seu dirigente, antes pelo contrário?
Quanto tempo teria durado aquele que se tornou objectivamente um ditador nesse ano de maioria absoluta, se se tentasse, com este mesmo afinco, e podendo-se, repito, tirar dúvidas de algo que me parece quase obrigar um homem a cortar-se ao meio a fim de poder acalmar o aproveitamento meramente político da oposição, encabeçado pelo PS?
Então porque é que durou? A oposição não fez nada na altura? Fazer, fez, ou melhor, tentou, mas acabou por perceber que com um Costa, que sempre foi vira casacas ainda era presidente da Câmara de Lisboa, nunca iria conseguir nada, por ter uma maioria tão absoluta, que até explicações deixou de dar ao país de tantos episódios verdadeiramente graves, os tais que se tornaram numa infeliz anedota!
Mas Costa, diga-se em abono da verdade, sempre foi igual a si mesmo. E conseguiu, inconcebivelmente, a maioria absoluta (até ali era poder tripartido, primeiro formalmente, e depois informalmente), apresentando de forma trocista na televisão, quando perguntado qual o orçamento de Estado que iria apresentar, com o mesmo dossier onde constava o mesmo orçamento de Estado.
Precisamente o que tinha feito cair o seu governo com o apoio da esquerda.
E respondeu "Este! O mesmo!"
E fê-lo na pior forma lacónica e verdadeiramente triste.
Mas a culpa é de quem vota!
E Costa sempre foi igual a si mesmo, nomeadamente na forma como chegou a primeiro ministro, para legal mas ilegitimamente, ter feito o arranjinho puramente aritmético, e assim ir com a esquerda radical, colegialmente governar.
Legal mas ilegítimo porquê? Eu explico para quem só olha à rama, e se esquece ou não cuida saber dos pormenores, que são sempre os mais importantes!
Legal, porque está constitucionalmente prevista a figura de um acordo de incidência parlamentar para formação de um governo; mas não basta para ser legítimo: há um grande MAS!
É que, quer no espírito do legislador, quer mesmo na letra, desse acordo de incidência parlamentar que tenha de vir a ser usado, resulte um governo o mais próximo possível daquilo que foi a vontade popular expressa nas eleições!
Ora o resultado da expressão popular, foi de um governo de centro / centro direita, e através de um expediente parlamentar, a representação do povo passou a ser a oposta, i.e., uma esquerda radical?
A expressão popular foi ignorada e subvertida em nome do tal arranjinho aritmético, mas não é por se conseguirem mais deputados, que automaticamente o resultado das eleições mudou!
Este princípio não foi acautelado pela única pessoa que tinha a obrigação ética, moral e constitucional de o fazer, recusando usar esse expediente de formação de um governo com incidência parlamentar, precisamente por não estar de acordo com o que é exigido (um governo o mais representante, o mais próximo possível, daquilo que foi a manifestação do resultado do voto popular).
Então, porque não o fez? Porque, muito embora em fim de mandato, o Presidente da República estava politicamente desgastado, e como que a sua credibilidade pareceria menor, muito embora formal e tecnicamente nunca o fosse! (Diga-se, já agora que retrospectivo Costa, que também Cavaco Silva foi um perfeito ditador quando foi primeiro-ministro, e mais: tal como na governação de Costa, a corrupção era visível).
Quanto tempo teria durado, pois, o governo de maioria absoluta de Costa, se fosse, como o atual, de uma minoria?
É que não é, exceto por grosseiro absurdo, equiparável ao caso atual!
O PS é, de entre todos os partidos, - e eu costumo votar naquele que me parece mais coerente quando há eleições, sejam autárquicas, legislativas ou presidenciais (embora aqui, supostamente independente de partidos, mas, ainda, assim, por eles apoiados) -, o mais fiel ao chavão de que uma mentira muitas vezes repetida, torna-se verdadeira!
Quanto tempo teria durado esse governo de maioria absoluta que perdeu para o atual governo, se esta coscuvilhice de bairro parvónia, também tivesse existido e, repito, só não aconteceu porque com maioria absoluta, Costa depauperou, degradou o próprio Estado de Direito, impedindo um escrutínio responsabilizador!?
E fê-lo, nomeadamente, através das instituições do Estado, e com atitudes indignas de uma democracia, recusando-se a qualquer tipo de explicações, nas tais infelizes anedotas semana sim semana sim, cobrindo sempre todos os seus ministros e secretários de Estado, em tanta mas tanta trafulhice e corrupção despudorada, que já nem tentavam dissimular.
Isso tornou-o, não apenas cúmplice, como autor moral por omissão, como fomentador da lei de "isto é tudo nosso, temos maioria, não seremos fiscalizados, e comigo sabem bem que podem contar por pior a vossa asneira/aproveitamento".
É que, os casos foram, de facto, tantos, e a memória é tão curta em política, em especial nos eleitores, que já mal se lembram apenas de alguns, como as indemnizações por baixo da mesa e a TAP, e todas as semanas um escândalo político sempre sob a proteção de Costa, o despedimento de um alto funcionário por whatsapp e com direito a ameaça de ataque físico, sem falar em algo tão mas tão importante, como a vida pessoal de cada português.
Dado que Costa quis seguir uma política de direita (e isto, tal como tudo o que escrevi de factual até aqui, é exatamente isso: factual e não opinativo), fez uma belíssima figura em Bruxelas, apresentando um super avit e, com ele, amortecendo uma considerável parte da dívida externa portuguesa, o que é, objetivamente ótimo, desde que não tivesse como custo simétrico, um empobrecimento brutal de todos os portugueses.
Ninguém se parece ou quer lembrar, de não sentirem dinheiro no bolso, em particular nesse ano de governação socialista, que precedeu este governo.
Ninguém se atrevia a pensar em ir de férias algures, de tão mal estavamos, mas não existia contestação social, porque foi uma larguíssima maioria que votou nesse mesmo governo de António Costa, anterior a este, e por uma questão ideológica não se iam contradizer nas ações.
Então com um excedente orçamental, com um super avit, Costa embeiçou-se pelos holofotes de Bruxelas esquecendo-se que também precisava de governar para dentro, sabendo do empobrecimento em que todos nos encontravamos, precisamente por não ter sido equitativo na gestão do super avit! Deveria, obviamente, ter sido mais equitativo na gestão do excedente orçamental.
A sério? Eleições antecipadas?
Escrevo numa sexta feira, em pleno turbilhão de tudo, e já com a moção de confiança marcada pelo governo para a próxima terça feira, dia 11, depois de duas moções de censura. Mas, e se estas [as eleições] vierem mesmo a acontecer? Não deveria pelo menos o partido com maior responsabilidade (ou suposta) na oposição, ser o que menos esbracejasse e fomentasse, tornando-o num gravíssimo caso de lesa pátria, que não é, exceto pela forma como cada um entende agravar os motivos de acordo com o seu interesse partidário?
Se estas eleições vierem mesmo a acontecer, não que me sinta revoltado (isso fiquei com a falta de ética e decência na formação de um governo legal mas ilegítimo - mas os valores éticos parecem andar de mãos dadas entre eleitores ideológicos e partidos), então havendo eleições não ficarei desta vez revoltado, mas triste. Sinceramente.
É como se meia dúzia tentasse convencer uma maioria de pessoas que os ajudem no bem de todos, em particular agora com uma crise internacional e, sobretudo, uma errática e sempre imprevisível política de Trump, tão perigosa quanto mísseis aleatórios, mas ninguém achar isso grave e, pelo contrário, desdenharem dos tempos deveras negros em que vivemos. E teremos de acomodar a nossa quota parte de investimento em armamento, agora que a Europa deixou de poder contar com os Estados Unidos! Tal, significa que haverá menos dinheiro orçamentado, que na prática significa sacrificar alguns setores da sociedade e do Estado.
É que temos um lunático mor, acompanhado de outros psicopatas com poder, respetivamente Trump e Musk, mas também toda a administração, obviamente, como o arrogante Secretário de Estado Vence, ou a porta voz, que ajudam a legitimar o impensável em tão grande retrocesso civilizacional a que assistimos.
O avanço dos tão incrivelmente difíceis direitos da pessoa humana, com o preço de milhares de vidas, conquistados ao longo dos séculos, e a primazia de um Estado de Direito e obrigações jurídicas internacionais, nomeadamente em caso de guerra, tendo na matriz judaico cristã (que não tem que ver com credos confessionais), quanto a Democracia, a Ética, a Responsabilidade e Solidariedade, o seu diapasão.
Passámos das legítimas guerras económicas entre países, (de resto a Rússia estava relegada porque as potências eram basicamente os Estados Unidos e a China, e a Rússia passou a ser um ator secundário como qualquer outro país, o que também dá para reflectir), ou seja, passámos de um mercado livre, de economia aberta, para o mercado das armas, que sempre houve, mas embora nada se possa fazer em países cujas ditaduras e teocracias só funcionam assim, o Ocidente estava bem mais evoluído e concertado, pós II Guerra Mundial, para agora, incredulamente, regredir ao tempo dos canhões, com a agravante de outtos tipos armas mortais!
E, voltamos, então, a uma afirmada e aberta lei da selva, como se ainda estivéssemos no império de Alexandre, o Grande, conquistando terras!
É tudo tão instável e perigoso, num mundo co dependente, que gostaria de lembrar o que nunca devia ser esquecido, e ironicamente foi nos Estados Unidos que vi:
"TOGETHER WE STAND!
DIVIDED WE FALL"!