10.3.24

A IDEOLOGIA NÃO SERVE A DEMOCRACIA


 
"Podes e deves ter ideias políticas mas, por favor, as TUAS ideias políticas não as ideias do teu partido; o TEU comportamento, não o comportamento dos teus líderes; mas o interesse de TODA a Humanidade, não os interesses de uma parte dela. E lembra-te que "parte" é a etimologia de uma partido".

Se as pessoas não votassem por pura ideologia partidária, acredito que Portugal, depois de ter tido o único governo em 50 anos de democracia, com as condições ideais para fazer o que quisesse, e com maioria absoluta, certamente não estaria a fumegar por entre os escombros da ilusão das palavras, já que os atos parecem levar as pessoas à cegueira do partidarismo de que, tão bem, o Professor doutor Agostinho da Silva, tão bem fala!

Tendo acabado de votar, gostei da particularidade do voto em braille! Não é inclusividade! É dever! De remover quaisquer obstáculos que, de alguma forma, possa impedir ou desincentivar a bomba atómica que temos em democracia; o VOTO CONSCIENTE e não ideológico!

22.12.23

DO NATAL

 

Na raiz do Natal está um facto humano e não uma invenção como o pai natal;
é um nascimento, na humildade e na pobreza de uma gruta, e é isso que justifica as luzes e cânticos, não o consumismo e hedonismo.

É que, no Natal, não celebramos nenhuma fantasia, como o Halloween ou o Carnaval. O Natal comemora o nascimento de Jesus há mais de dois mil anos, numa noite que hoje corresponderia, eventualmente, à altura do verão, e que os primeiros cristãos adotaram para esta altura, devido ao solstício de inverno, onde se comemora a festa da luz, sendo Jesus apresentado como a Luz.
O Menino Jesus nasce despojado de grandezas numa gruta entre animais e, é por isso, que o verdadeiro Natal, é sempre o presépio do nosso coração.
Quem dorme nas palhas da fealdade da vida, dos cobertores que cobrem o frio da rua, dos envergonhados na pobreza e humildade, estão tantas vezes - nesses estábulos que indiferenciamos ou nem reconhecemos os sinais -, muito mais perto daquele Presépio verdadeiro, do que muitos de nós com cânticos natalícios regados com vinhos, perus, bacalhau, borregos, doces de toda a espécie, estonteamento material de prendas e risos, circos finos e mesas fartas e até missas do galo.
Mas Natal é simplicidade e interioridade, é a fragilidade assumida e a força da entreajuda, nas lágrimas e sorrisos, nos abraços sentidos e na alegria da partilha do continuado parto de Belém... É isso que é Natal!











11.12.23

DEZEMBRO: "MÊS OFICIA"L DO NATAL



Dezembro. O mês "oficial" do Natal!


A todos, um ótimo mês, mas lembrem-se:
as prendas não são obrigatórias. Nem precisamos do Natal para as dar. O Natal não é o que a sociedade faz dele, mas a nossa capacidade de mostrarmos por gestos e atitudes práticas, a nossa própria Humanidade!

Basta cada um olhar para dentro de si, e ver se se acha maior do que a vida. Se for o caso, então não há correspondência prática entre o que diz e o que faz.
Logo, resta saber se quer continuar nessa disfuncionalidade existencial, ou enfrentar de peito aberto, com verdade, todos os monstros que ele próprio produz e carrega. E todas as qualidades que atrofia, como não reconhecer a vulnerabilidade, a simplicidade e a verdade objetiva, não a sua verdade.

Estas pessoas mal se conhecem, porque raramente se conectam consigo mesmas, sem perceber ou, sequer, reconhecer, as suas emoções. Mas é preciso sabermos olhar para dentro de nós, com a humildade suficiente para reconhecer a frieza de alma. Ou a grandeza de coração, em tratar cada Outro como seu semelhante, e não desconfiadamente como um forasteiro.

Sabermos como está a nossa sensibilidade, oposta à bestialidade ou indiferença, que nos faz reconhecer os gestos, por mais simples que sejam. Sabermos como vai o nosso ego ou orgulho tóxicos, antónimos de autoestima e autoconfiança.

O que podemos e devemos trabalhar em nós, para, com autoridade, podermos agir, de maneira a que leve o Outro a refletir, também, sobre si mesmo.

Mas, tudo isto, requer reconhecermo-nos tão grandes quanto frágeis. Tão fortes, quanto vulneráveis. E por não descermos a nós mesmos, vivemos acreditando que estamos bem.

Mas, e se tivermos magoado, mesmo sem intenção? E se não tivéssemos achado que éramos mais do que os outros? E se, de vez em quando, duvidássemos das nossas certezas, para que a descoberta não fique enviesada sobre as nossas próprias crenças?

A casca racha sempre. Mesmo que leve a vida inteira. E lá vêm todos os sentimentos tóxicos que não admitimos, mas que o Outro percebeu e nós sabemos ter. Desta forma, vive-se uma mentira, (ou uma profunda falta de formação humana), porque a nossa existência apenas simula a verdade.

É por isso que, Natal, é quando um Homem quiser... Basta converter-se à desafetação de si, e, dessa forma, pondo-se no lugar do outro, a fim de saber como verdadeiramente ele próprio é....

19.11.23

DIA DO HOMEM


Hoje é o Dia Internacional do Homem
e, é, precisamente, essa a pergunta: do que é ser Homem! Teria de escrever muito, falando de dinâmicas que, desde o passado, causaram raiva, angústia, medo, frustração, intolerância.

Pode ser pela ausência do pai, ou porque alcóolatra, violento, abusador, impotente, vitimizado, sem atitude, mas também resultantes de situações várias, que não o pai, ou as crenças que se vão formando, as imposições sociais, o padrão masculino (altamente desvirtuado), etc..
Começa logo aqui. Inculcámos em nós esta convicção do mais, da eficácia e da força, do ser mais e ter mais, da competição tácita, do tempo ocupado.
Tem-se a ideia de que ser-se Homem é ser autosuficiente, mas ninguém se faz e, muito menos, se realiza sozinho.
Um homem deixado numa ilha solitária, com todas as mordomias ao seu dispor, depressa esgotava a sua verdade existencial!
Esta terrível ideia de que ser Homem é bastar-se a si mesmo, é uma das piores falácias, porque se limita a endeusar o ego, tornando-se vítima de si mesmo, e viciosamente encontrando argumentos e desculpas para o seu próprio vazio!
É sempre na relação com o Outro que sabemos mais de nós, quer no processo individual de autoconhecimento, quer nos padrões mentais e comportamentais que nos levam à integração da nossa própria história.
A realização pessoal estará sempre incompleta, se não se fizer também no processo relacional, mesmo naquele que possa incomodar, porque é nesse incómodo que o Outro nos provoca sem saber, que somos interpelados a descobrir e interpretar o seu significado.
Sempre que recusamos comunicar connosco mesmos, com as nossas emoções, estamos a diminuir a nossa altura, artificialmente compensada com a imagem de tudo poder, e de tudo poder sozinho.
É muito pouco inteligente, aquele que reprime e/ou nega as emoções, porque se auto limita e não cresce!
Não se trata dos serviços mínimos das defesas comuns para tapar fragilidades, mas da sua própria negação.
De que, ser Homem, é proteger e ser protegido.
É dar afecto e saber que também precisa dele.
É animar o outro sem esquecer que também sofre.
É ajudar a secar as lágrimas, mas ter também quem seque as suas...
...porque também ele precisa de chorar...
É que uma pessoa continuamente forte, segura e "feliz", algures perdeu a noção de quem é, na imagem que forçadamente quer dar de si...


Sem um auto conhecimento profundo, e uma reflexão e autocrítica, as mais diversas situações que são registadas pelo crivo emocional, levam o Homem a um ciclo vicioso de tudo fazerem para nunca parecerem fracos.
Ora, isto, é masculinidade tóxica, uma contínua prova de força para provar a virilidade, mesmo uns contra os outros.
A própria sociedade encoraja a provar a própria virilidade, que se pode repetir em situações como o jogo de futebol amigável do fim de semana, no trânsito, no trabalho, no bar, no relacionamento e com os filhos.
E, depois, a maneira como respondem à pressão social, também contribui para o perpetuar desses pensamentos.
Há homens que, cientes do que é esperado deles, procuram repetir os padrões a que estão habituados, mesmo quando não desejam.
São motivados pela necessidade de se sentirem aceites. E tudo isto se torna um ciclo vicioso.
As crenças da sociedade, também contribuem para a eternização do padrão:
O Homem não chora.
O Homem não pode usar roupa cor de rosa.
Só o homem é que gosta de sexo.
Todo o homem gosta de futebol e cerveja.
O Homem precisa de ser quem faz com que nada afete a casa, o lar, como se fosse o provedor, ou será um fracassado.
O homem é que manda dentro de casa.
Um homem que gosta de coisas geralmente atribuídas a interesses tipicamente femininos (reality shows, teatro, musicais, sensibilidade para a beleza dos pequenos festos, e apreciador do estético e do belo, ou de flores, por exemplo) ,é gay.
Tudo isto causa problemas de auto estima e autoconfiança, e os Homens acabam por não se conectarem com as suas próprias emoções para não serem fracos.
Eis o busílis: se não se ligar às suas emoções, (e não se liga porque só isso já consideraria uma fraqueza, algo próprio do sexo feminino, nunca do masculino), nunca conseguirá desconstruir todos os padrões mentais que já estão enraizados, e se tornaram, em si, uma crença.
Logo, não desenvolvem a inteligência emocional para lidar com possíveis adversidades. É assim que nascem os colegas hostis, os amigos desrespeitosos ou os chefes agressivos, por exemplo.
Mas também os desconfiados ou os tão inseguros, que só a ideia de falarem das suas emoções, os aterroriza, não só porque, uma vez mais, isso não é próprio dos homens, mas porque, e sobretudo, os obrigaria a verem-se como exatamente são, tão fortes quanto frágeis, tão consoladores quanto carentes!
E, hoje, simbolicamente, no Cais do Sodré, houve um "Free Hugs", precisamente para todos consciencializarmos que o afeto não tem sexo. Tal como o Amor.
E, que, aquilo que o Homem julga ser fraqueza, é apenas uma negação do quão necessário e natural é amar, mas também ser amado; ajudar, mas também ser ajudado.
Quem não fala dos seus sentimentos, não tem saúde mental, e, afinal, o que é isso de terapia, senão sentar-se numa cadeira e falar dos seus problemas, sobre o que sente e o que o angustia?
E pode ser apenas desabafar com um amigo, mas se tudo persiste e nada melhora do seu desconforto, perceber a diferença entre um amigo (desabafo terapêutico) e ajuda especializada.
....e precisamente porque o que considera fraqueza, não passa da incapacidade (ou coragem) de, repito, entrar em contacto com as suas emoções, afinal, ironicamente, quantos homens não o são....
Muitos pensam que ser Homem, é ser um Super Herói, mas geralmente, quem pensa e age assim, é porque é ele que está a precisar que o salvem...

10.10.23

DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL

 



Celebra-se hoje o Dia Mundial da Saúde Mental. E quanto mais falarmos sobre a nossa saúde mental, mais combatemos o estigma associado. Ao diminuir o estigma, as pessoas sentem-se mais à vontade para procurar e receber apoio.
Por definição, a saúde mental é um equilíbrio entre o bem estar emocional, psicológico e social, ou, se quisermos, a capacidade de lidarmos emocionalmente com as adversidades, e, por isso, a enorme importância que tem nas nossas vidas.
É que a saúde mental vai afetar toda a nossa qualidade de vida, determinando a forma como lidamos com as situações do quotidiano, o trabalho, as relações interpessoais, atividades sociais e por aí fora!
Mas também é importante dizer, e nem sempre o vejo assinalado, que a saúde mental não é definida apenas pela ausência de uma doença.
Uma boa saúde mental, significa sermos capazes de reconhecer as nossas qualidades e potenciais, e sabermo-nos adaptar ao normal stress do dia a dia.
Uma das formas de a termos, é a autocrítica, o conhecimento sobre nós mesmos (sem o qual não compreenderemos os outros), a humildade para irmos fundo dentro de nós, sob pena de o nosso ego impedir o reconhecimento de zonas sombrias ou erróneas, que possamos, (in)conscientemente ou não, (saber) ter.
Sem primeiro nos avaliarmos e descobrirmos, não vale a pena reclamar dos outros, porque, nem sequer, nos conhecemos a nós!
É que nem sempre estamos para parar um pouco, avaliando aquilo que realmente nos move, e sem essa auto atitude crítica, somos reféns de crenças pessoais que tomamos como irrefutáveis.
Isto vai afetar tudo na nossa vida, como a relação connosco mesmos, com os outros, com as situações.
Com os nossos sentimentos de raiva, inveja, soberba intelectual, arrogância, vaidade exagerada, orgulho, preconceito, iliteracia emocional, porque eu é que sei, porque nunca nos desconstruímos, nunca ousámos olhar para quem somos, ou fingimos e acreditamos que é ridículo porque somos muito inteligentes, temos opinião sobre tudo e, como tal, seria um absurdo (re)conhecer-me!
Tudo isto nos enviesa a perceção da realidade, e, por isso, continuamos doentes da nossa única visão, e arrumamos os problemas encerrando-os nos outros. O mesmo é dizer: eu nunca estou errado, é a minha opinião e julgamento. Se existe algum problema, obviamente está no outro!

Repito: se não nos descontruímos todos os dias, para novamente continuar o caminho, estaremos sempre na nossa versão primitiva, original, que nunca se atualiza, e sem um maior conhecimento e compreensão sobre nós mesmos, continuaremos a justificar e acusar tudo, fora de nós, acabando por nunca compreender a real dimensão do que se passa.
É a velha história de, um onde vê um seis, o outro vê um nove. E não entendem como é que o outro vê um número diferente a partir da mesma realidade, sem tentar perceber a sua perspetiva, dado que estão apostados quase unicamente na defesa, e não na compreensão de como pode um seis ser um nove.
E, isto, não se trata de estar certo ou errado, mas inevitavelmente surgem mal entendidos e, até, inimizades.
Logo, um sentido autocrítico; o simplesmente ser; o colocar-me no lugar do outro, o sair de mim e olhar para as situações como se eu fosse um terceiro, desafetado das minhas opiniões e crenças pessoais, me podem ajudar a uma avaliação realista e justa, objetiva!
Este exercício de auto crítica, relembro, requer um particular sentido de humildade para uma avaliação de descoberta objetiva.
Caso contrário, vou olhar para mim com a ideia preconcebida de me justificar. E até posso pensar com honestidade, que nada encontro de errado em mim, mas será que me consigo avaliar sozinho, objetivamente, precisamente para não cair em falácias de auto desculpabilização?
Além deste exercício de sairmos de nós para avaliar a realidade inter-relacional, pessoal, profissional, os problemas que surgem e como lidar com eles, etc., precisamos também de ter ferramentas que nos ajudem a ser o barómetro da realidade, porque, sem elas, podemos nunca saber se fazemos uma avaliação correta de nós mesmos.
Sem saber gerir as emoções, todo o diagnóstico terá começado pelo telhado. Até por bloqueios afetivos autoimpostos, mesmo sem nos apercebermos deles (o que vai gerar novo problema).
E também há coisas tão simples que nos ajudam a uma boa higiene mental: o saudável, porque catártico, sentido de humor; a doação (através do amor, da amizade, da entreajuda e da partilha); a capacidade de relevar e esperar, porque não podemos ultrapassar o fator Tempo, mas também porque a vida é dinâmica, e também nem tudo depende de nós nem se realiza como planeámos!
Tudo isto, além das técnicas de auto cuidado, [(como dormir bem, telefonar, escrever ou falar com alguém sobre os nossos sentimentos, procurar relações que nos fazem bem, e não as estáticas sem horizonte, ou as que nos cobram demasiada energia, pedirmos ajuda técnica, se for o caso, termos tempo para nós, desde ouvir uma música, ler um livro, contemplar o mar, sair sozinho, mimarmo-nos com o que existe de mais precioso (o Tempo), mas de forma qualitativa, indo ao encontro do que gostamos, e sairmos do modo "estar em todas")], tudo isto é, igualmente, fonte de higiene mental.
É muito vasta a abrangência da saúde mental, e daí este dia que lembra a sua incontornável importância.
Em Portugal, uma em cada quatro pessoas vive com doença mental, e não precisamos de nos lembrar logo de esquizofrenia, transtorno bipolar, borderline e outras! Também o são a ansiedade, depressão, transtorno obsessivo compulsivo, sendo a depressão, ela mesma um transtorno mental, a principal causa de doenças mentais.
No entanto, é importante ressalvar, que o bem estar emocional, também depende de fatores sociais, psicológicos e biológicos.
Uma pessoa que tem um padrão de comportamento ou pensamento, que impacta negativamente na sua vida, poderá necessitar de aconselhamento médico.

É muito importante aprender a viver afetivamente bem connosco mesmos, e sempre que nos recusamos sentir, sempre que não damos ouvidos à emoção, com mecanismos como a racionalização, por ex. estamos a bloquear afetos e aprendizagens e, com isso, a capacidade de nos melhorarmos, de nos conhecermos melhor, de lidar melhor com a frustração, com a dor, as adversidades, com o que pensamos e temos por garantido, de nada valendo a opinião do nosso interlocutor...
Sempre que nos escutamos mais, nos ouvimos mais, o que sentimos e porquê (o que só acontece se desligarmos o modo estritamente racional para podermos aceder às emoções, tal como para chegar ao Outro: nunca chegamos ao Outro pela razão mas pela emoção, e por isso tanto descaminho e vidas disfuncionais -), sempre que nos ouvimos por dentro, seremos sempre mais pessoas, mais humanos, mais nós.
Sem um sentido autocrítico, estamos a entrar no caminho fácil de não nos querermos conhecer e, muito menos, trabalhar, porque requer também humildade na desconstrução diária do que temos como absoluto, para nos voltarmos a construir.
Só assim, conseguimos atualizar as nossas decisões e conhecer outras perspetivas.
De igual modo, se a resiliência é importante, não menos é permitirmo-nos sentir a tristeza, o abatimento, sem forçar o que não sentimos, porque essa artificial invencibilidade emocional e psíquica, pode provocar um agastamento impercetível com custos depressivos a médio e longo prazo.
Sem ferramentas tão simples como algumas das que tenho enunciado, tais como aceder às emoções e tentar perceber porque as sentimos, em vez de as negar; o sentido de autocrítica que requer humildade para a mudança, etc. forjamos a "nossa" realidade, e depois dizemos que é ela que nos engana.
E dizemos que é a realidade que nos engana, precisamente porque no jogo de espelhos onde não nos queremos assumir inerrantes, e só queremos ver a perfeição, está, paradoxalmente estampada, a limitação que recusamos, e que, por falta de caminho interior, não conseguimos ter a capacidade de a perceber.
Dizia Einstein que nunca chegou a nenhuma descoberta pelo mero processo de pensamento racional. O mesmo com o nosso mundo interior.
Podemos ter todos os motivos para nos sentirmos mal, mas é na maneira como lidamos com esse mau estar, na nossa atitude, na nossa higiene mental, que se encontra a verdadeira solução...

8.10.23

DIA MUNDIAL DO SORRISO

 


"Ninguém pode achar que
falhou a sua missão neste mundo, se aliviou o fardo de outra pessoa."

É uma expressão fabulosa de Charles Dickens, e, por vezes, para aliviar esse fardo, basta um sorriso cujo dia mundial hoje se comemora, na primeira sexta feira de Outubro.
Um sorriso genuíno e simples, abraça, suaviza e comunga, e, é tão poderoso, que pode salvar vidas e, muitas vezes, substitui, com maior eficácia, as próprias palavras.
Precisamo-nos de lembrar, de que só valemos pelo que somos, pelo que damos imaterialmente, e não pelo que temos. É quando nos damos, que o viver acontece; não nos austeros semblantes em exageradas defesas de comunicação.
Mas é necessário que as pessoas entendam que, por detrás de um sorriso, ainda que genuíno, não está necessariamente uma pessoa feliz, mas sim alguém que faz a sua parte.
Esperamos muito da vida, mas também ela espera muito de nós. Pessoas perfeitas não existem, e quem faz photoshop à alma, facilmente é traído pela sua própria artificialidade.
É com o sorriso que o coração canta a dor e a exorciza. Só é preciso não desesperar, não tomar o transitório pelo definitivo, não afiar o dente nem maldizer o mundo e, sentir que, muitas vezes, a paz está no silêncio que não fazemos, e no sorriso que não damos.
Colocar um ar austero, é uma fantasia que ilude o ego, mas não o Eu.
Existe uma vaidade ou auto negação encapotada, na afirmação do distanciamento interior. Os gestos e as palavras não correspondem ao que sentimos, mas ao que pensamos. É um blush social. Porque Sentir é outra coisa.
Mas se não entramos em contacto com as nossas emoções, não as escutamos nem tentamos perceber o que nos querem dizer, teremos também dificuldade em perceber o Outro, porque nem sequer nos percebemos a nós mesmos.
Não se chega a ninguém pelo pensamento. Apenas a capacidade de Sentir, nos consegue colocar lugar do Outro. Chama-se Empatia. Só chegamos ao Outro por dentro, nunca pela matemática razão.
E, por vezes, um sorriso que fala, basta para soltar os cadeados da prisão em que o outro se encontra, e que, mesmo tendo a chave, não os consegue abrir, porque se a razão encarcera, só o sentir desbloqueia, bastando, muitas vezes, um estímulo externo, desde que tenhamos a humildade e a gratidão de o aceitar.
O sorriso é só outra forma de abraçar...

13.8.23

DIA INTERNACIONAL DA JUVENTUDE

 

Comemorou-se, este sábado, 12, o Dia Internacional da Juventude, e, ser jovem, independentemente da idade (até porque há jovens apáticos e adultos entusiastas), é saber ousar, arriscar o que em adulto parece mal ou não se faz.

E confundindo tudo isto com o politicamente correto, perdemos a noção entre elegância e vulgaridade, porque, elegante, será sempre sermos nós na condição humana da partilha e da comunhão do abraço, na tradução das nossas atitudes, e não o sorriso manipulado ou o cinismo da amizade encapotada e do jogo social.
Muitos descobrem na ajuda terapêutica, que, afinal, os grilhões que os impediam de algo, incluindo agir naturalmente, estavam precisamente na quantidade da energia gasta para o esforço de querer agradar a todos, necessitando de aprovação alheia, mas as nossas atitudes têm sempre consequências, mesmo quando não fazemos nada, porque também nada fazer é uma atitude por omissão.
Há uma diferença entre crescer e amadurecer. Já dizia Nietzsche "torna-te aquilo que és", ou seja, explora todas as tuas vivências, não fiques pela superfície de ti mesmo, vê-te na auto superação e não na negação, encontra em ti o que ainda não quiseste ver ou explorar, atualiza-te, e sê! Isto requer, obviamente, a humildade da autocrítica, ou essa viagem interior será uma falácia.
Até porque, caso contrário, seríamos apenas reféns do que nos interessa, e não credores da justiça, tantas vezes em direto conflito com o que não é, mas que, por falta de irmos ao fundo de nós, onde reside a reta consciência e não as camadas de crenças que vamos colocando, acabamos por nem saber o significado desse fundo onde não queremos muito mergulhar, porque desmontaria as nossas visões e crenças sobre o Outro, a vida, as situações e o mundo.
E, é por isso, que, comemorando-se hoje o dia internacional da juventude, vejam-se os desafios que são colocados aos jovens e a nós, porque a maturidade emocional não está necessariamente ligada ao crescimento.
Dizia o Papa Francisco nesta jornada mundial da juventude:
"O único momento em que é lícito
olhar para uma pessoa de cima,
é para ajudá-la a levantar-se"!
Quantas vezes somos nós que nos precisamos de resgatar de nós mesmos, quanto mais um autoconceito onde os inerrantes somos nós!
Não há inerrantes...
Se crescer é tornar-se adulto sem se adulterar, então quantos anões não há por aí...

27.7.23

NOTHING COMPARES TO ... WHOM




Sinead O'Connor... celebrizada pela bonita canção "Nothing Compares to You", que fala da dor da perda, do desencanto e do desgosto, de podermos fazer tudo o que quisermos, mas que "nada se compara a ti"!

É muito difícil o abandono, a ausência d@ "twin face"! Como é difícil o luto de outras emoções, que corrompe as fundações da nossa existência e razão de viver. Já dizia Oscar Wilde que, "onde há dor, o chão é sagrado"!

Mas a vida é simultaneamente o inferno e o paraíso, e as emoções são uma tão forte bomba nuclear, que paralisa o neocórtex, e coloca a vida em suspenso! Daí a importância em sabermos gerir as emoções, que tanto matam, como curam.

Não porque fosse o neocórtex a, absurdamente, nos dar o estímulo e a motivação de empreendermos uma jornada única, simplesmente única, a nossa, pessoal e intransmissível, a de cada um de nós, no desafio de viver, mas porque existem alturas em que também se pode morrer interiormente por excesso de amor...

E, quando, subitamente desapareceu de nós, é como se uma parte integrante nos tivesse sido arrancada: o coração, como sinal de amor romântico e universal, de piedade e compaixão, de sede existencial que não precisa do intelecto para ser feliz.

Neste tema musical, fala-se do amor amoroso, como podia ser do universal, do afetivo, do fraternal.

Mas podia ser qualquer outra dor, como a inevitável morte (física), que, porém, só a aceitamos obrigados, violentados, mesmo sabendo que todos somos mortais, finitos, pó.

E, então, na cruz da ferida de um coração rasgado pela dor de quem partiu, porque "nothing compares to you", acabaremos por saber, nesse vale de lágrimas que só nós podemos resgatar, mesmo com a ajuda de poderosos auxílios e ferramentas, que, na verdade, é com estranheza e humildade que, ao aquietarmos a angústia e a ansiedade, o "nothing compares to you", referia-se, afinal, a nós...

Não somos ninguém sem o Outro, mas também não somos ninguém sem nós...