16.3.25

ISTO NÃO É POLITICA








A política nunca me moveu. As raras vezes em que opino, é por uma questão de se ter tornado uma situação tão absurda, surreal ou desconcertante, que, invariavelmente concluo que, raramente, a culpa é dos políticos, mas da bomba atómica tão mal e vulgarmente usada pelo iluminado néscio povo, e que é o voto popular!

Basta olhar para Trump (não os Estados Unidos que ele ainda não representa, e que, felizmente, não são nada do que vemos, assim venha um Obama libertar a nação)!
No mínimo, há que ter, ainda, esperança, mesmo com um mundo já com alterações substanciais no terreno.

É difícil, depois de tantos iluminados terem dado, de novo - e após uma tentativa de reposição da liberdade democrática com todos os seus defeitos, mas livre, com Joe Biden -, outra vitória ao inominável autocrático Trump.

Dito isto, que o meu sentido de justiça e objetividade (não neutralidade), sempre se auto impôs em detrimento das próprias amizades, se necessário, e até de pessoas hierarquicamente superiores a mim, a quem devo lealdade ou arriscar aquilo que é, objetivamente justo... (**)

...é-me gratificante, no meio dos urros da populaça que em massa vão pela rama das coisas, ou ideologicamente cegas e, por isso, sem nunca conseguirem atualizar as suas decisões, aconteça o que acontecer, partilhar dois pequenos extratos de entrevista, onde um partidário do PSD e outro do PS, conseguem a rara objetividade.

Irmos para eleições pela terceira vez, num espaço de tempo ridiculamente curto, é uma das maiores pirrónicas teimosias de qualquer partido na oposição, desde que Portugal é uma democracia.

Uma birra infantil por dá-me o chocolate, que contribuiu para a queda vergonhosa, na forma e no conteúdo, deste governo de minoria, apenas eleito há um ano e, durante o qual, não obstante nada ser perfeito, estava a realizar um trabalho mais do que razoável, considerando o momento porque passamos, e o facto de ser uma minoria.

Pronunciando-se sobre a situação, os atuais comentadores políticos, na generalidade, legitimam o PS tentando fortemente convencer quem não vê para além do seu umbigo, que estamos nisto graças ao governo e, em particular, a Luís Montenegro cidadão (que, por acaso, ocupa o lugar prestes a deixá-lo oficialmente, de Primeiro-ministro). Lá vamos gastar milhões porque sim.

Mas vemos aqui, dois exemplos raros de quem sabe ser intelectualmente sério, na apreciação dos factos e de todo o enredo em que isto se tornou.

Pelo PS, não temos apenas mais um a tentar colar culpas objetivamente superficiais ao governo agora dissolvido.

Sérgio Sousa Pinto tem pensamento próprio, e encara tudo isto que, infelizmente, se passou, como um lavar de roupa suja, exaltando-se se poderiam ou não falar de política, já que, era por isso que ele estava ali.

Ou seja, percebeu, ab initio, que a sua interlocutora, defendendo o mesmo partido dele, não tinha, porém, capacidade objetiva pessoal e séria, de não sucumbir a tudo o que, no dizer do seu colega socialista, é "pôr a roupa na máquina", perguntando exaltado, à condutora da entrevista, se podiam falar de política, ou seja, agora que temos um facto triste e revoltantemente confirmado, o que se seguirá politicamente?

Porque são esses, para si, os cenários que importam discutir.
Esteve Sérgio Sousa Pinto amarrado à ideologia política que perfilha, quais apoiantes de Sócrates e António Costa, - tal como comentadores a imitar o que de pior já o povo faz tão bem - e, para quem, ambos foram um exemplo de governação, dado que a cruzinha não saiu do seu lugar?

Não, Sérgio Sousa Pinto soube separar as águas. Porque não deixou um milímetro de ser socialista. O que não o impede de ser crítico. Pelo PSD, temos Miguel Monteiro, ou seja, Sérgio Sousa Pinto em versão social democrata. Tal, também não o impediu (apesar de frontal e factualmente lembrar a realidade das coisas, gostemos ou não, por não serem opinativas), de criticar o PSD, a forma como o próprio governo se deixou infetar na manhosa ratoeira do PS, chegando este a sugerir que apresentasse uma moção de confiança, se se sentia tão certo e seguro de si.

Infelizmente, na escalada acusatória e defensiva dos dois maiores partidos, acabou mesmo por levar o governo a apresentar a tal moção de confiança, depois de duas ridículas moções de censura pelo Chega e PCP, e nem trago, sequer, à colação, a CPI do PS.

Ou, seja, sem deixar de opinar (ao contrário do que fez Sérgio Sousa Pinto, focando-se naquilo que, agora, é importante, e não a lama do que ficou - posição que subscrevo), lembrando quão frágeis são os telhados de vidro do PS (dado ser graças a este que o governo ficava ou caía), e de como nada disto, alguma vez, seria um caso político, dramaticamente acusatório e alimentado por birra e espiral destrutiva e egóica, por puro aproveitamento partidário socialista, se fosse Pedro Nuno Santos, o justo Sócrates ou o dissimulado inocente António Costa, a estarem no lugar de Luís Montenegro.

Mas, e aqui reside a diferença, faz fortes críticas ao que entendeu dizer do PSD, o partido que milita, naquilo que é a minha bitola pessoal, ou seja, olhemos os factos; retiremos as preferências pessoais por mais enraizadas, punhamo-nos, aí sim, no papel de um juiz que fosse chamado a dirimir esta mexicana novelesca situação e, apenas assim, teria conseguido, com seriedade, ajuizar do que lhe fora pedido.

Pessoalmente, acho tão degradante a maneira como se faz hoje política em Portugal que, não foi por acaso que escrevi há uns dias, não sobre a atual administração norte-americana, mas como foi possível voltar a legitimar uma criatura com um ego tão patológico e doentio, que só encontra par nos regimes ditatoriais.

Basta lembrar o "Animal Farm" de George Owerll, - traduzido como "A Quinta dos Porcos", e que até já foi leitura obrigatória na disciplina de Inglês do 12° ano -, onde, de palavrinha mansa em palavrinha mansa, todos os animais acabam seus escravos, de tão candidamente acreditarem na "diplomática lábia" dos porcos, originando, a conhecida epítome de que "todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que outros".

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(**) Sem que dependa de interpretações pessoais, segundo cada interesse, dado ser factual (o heliocentrismo não é uma teoria, mas um facto cientificamente comprovado que terminou com a "evidente" observação de que era o Sol a girar à volta da Terra, e não o seu contrário, por mais negacionistas que existam no mundo, tal como o fazem com a alunagem, ou com o Covid).