"Estou muito contente com a minha renúncia, porque Deus preparou, depois de mim, um fenómeno" disse o Papa Bento XVI sobre o seu sucessor, o Papa Francisco, sobre quem passam hoje doze anos sobre o seu pontificado!
E é, de facto, um fenómeno. Um fenómeno do que é ser-se Pessoa, e não apenas um conjunto de nervos, ossos e tendões.
Do que é ser-se Humano.
Na sua luta e sofrimento.
Com toda a vulnerabilidade que caracteriza a coragem da condição humana, em não a esconder em comportamentos e palavras que apenas traem quem o faz.
Um fenómeno de serviço e de entrega.
De humildade.
De um verdadeiro representante de Cristo.
Um fenómeno que atesta, não só pela fé, mas pelas diárias dificuldades com que continuamente é ferido, acossado, vilipendiado, por quem nele vê aquilo em que não acredita.
E, por isso, o tentam continuamente humilhar e encontrar algo que o desminta, com a vil certeza do que os factos negam.
Um fenómeno de força e paz.
De serenidade na maior provação comunitária e pessoal.
Só um espírito inabalável, só uma construção diária com gestos efetivos e não apenas palavras, podem colocar o Papa, neste caminho onde chove.
Ainda ainda assim, avança sozinho pela praça, carregando a noção da finitude humana, da vaidade dos homens, da soberba dos mais vis.
Este é o fenómeno de que falava o seu antecessor, Bento XVI.
E, tudo isto, a ausência da ilusória omnipotência ainda que em forma de arrogância, desprezo ou vaidade, que na sua maioria o mundo faz, advém-lhe, precisamente, pelo mesmo motivo do testemunho de Cristo, que na sua vida pública e Calvário, soube sempre manter a presença de espírito, a inteligência emocional, mesmo já na cruz.
Em ambos, a força nunca esteve ou está, nas crenças pessoais dos tantas vezes falaciosos pensamentos, que quase sempre vemos como a indefetível verdade.
A força esteve e sempre estará na capacidade de entender, para além do visível, para além da maledicência do ruído acrítico, que só a humildade pode suportar a fim de a converter em força, pujante e de vida, que não é visível senão pela sensibilidade de entender as ações.
Aqui chegados, com facilidade se conclui e infirmam as palavras de um grande doutor da igreja, Santo Agostinho, quando diz:
"Ama...e faz o que quiseres"!
É porque, só quem verdadeiramente conhece o Amor, o despojamento e a entrega, pode ser verdadeiramente livre.
E, só quem é verdadeiramente livre,pode quebrar as regras...
Parabéns, Papa Francisco!
