4.3.10

ASSIM SE DEPÕE


A minha opinião vale o que vale, tal como as que leia e ouça noutros, mas digam o que disserem de Manuela Moura Guedes, soube ser o que sempre reclama ainda para mais com a comunicação social em peso: frontal e directa! Assisti a toda a intervenção, pelo que pude aquilatar mais e melhor de muitas respostas (que não apenas os "brevets" que cada canal entende passar) pelas inquirições quen iam sendo feitas dos vários deputados que, obviamente ao sabor da sua sensibilidade política (caso do para-incidente final do PS) a tentavam atemorizar ou circunstanciar, sobretudo por se perceber que nao é uma pessoa batida em discursos elaborados e pré-feitos, como foi, na minha opinião, o completamente demagógico Rui Pedro Soares, apenas para citar um. É certo que talvez Manuela Moura Guedes tenha dito demasiadas verdades (pese embora a ressalva de a ser verdade) mas nao se escudou nos "nao respondo" "nao comento" "remeto para..." nem insinuou. Se falta à verdade, seria um tiro no pé, mas nao me parece que a forma como (in)transigiu consigo mesma na denúncia lúcida do que disse, fosse fabricado. Nao estou a discutir a jornalista nem a forma; estou a discutir a parte substancial que todos os depoimentos deviam ter já que, entre nós, dizer a verdade merece censura social (pasme-se) quando devia ser ao contrário. Antes apontar factos e nomes (e não me parece que tivesse necessidade de mentir gratuitamente), do que insinuações e falsetes. Pode ter sido demasiado ingénua ao ponto de denunciar tudo o que sabia, apontando nomes. Obviamente os acusados teriam de reagir tal como já aconteceu depois da sua intervenção na Comissão de Ética - que desde sempre devia ter sido Comissão de Inquérito como só agora vai ser - mas também não tem reagido José Sócrates sempre em várias mentiras em que já ninguém acredita há muito?

Convém dizer que sou apartidário, que não estou a falar de jornalismo nem da jornalista, mas da substância prática daquilo que deviam ser os depoimentos. Em termos judiciais nem sempre colhe a absolvição (seja do que e/ou de quem for) porque a sanção só pode ser aplicada depois do meio probatório, o que iliba muita gente. Em termos políticos e sociais, podemos cair em julgamentos precipitados, e por isso ressalvo que apesar de devermos "chamar os bois pelos nomes" para usar um cliché, devemos sempre também acautelar o bom nome de quem falamos, revelando apenas em sedes próprias e não em público. Mas ainda assim, insisto que, do ponto de vista substancial, antes assim do que disparar contra todos e ninguém. 

Em termoss pessoais, na minha opinião Manuela Moura Guedes peca também por alguma imodéstia na sua conduta profissional, e por trazer à liça nomes de colegas que talvez merecessem ser "denunciados" de outra forma. Nao assim, de rajada e em público, porque podemos estar a cometer injustiças e depois já não se pode restituir a dignidade que se retirou, ainda que por convencimento, ao outro. Todavia, este depoimento de Manuela Moura Guedes, é para mim o protótipo de que quem não deve, nao teme, embora se aconselhe prudência quanto aos meios de prova. Mas e emoção da justiça é mesmo assim: dizer tudo sem pensar nas consequências porque nos achamos limpos de máculas sonegadas que outros tão bem sabem trabalhar...