8.8.10

AUTENTICIDADE E CORTESIA

A estima assenta sempre em qualquer princípio, e não se estima ninguém quando se estima todo o mundo.
(Jean Molière)

Leio esta citação no fabuloso blogue de fotografia do Pedro Ferreira, e trago-a aqui na impossibilidade de trazer todas e por ser a mais recente que também partilhei no facebook. Admiro os blogues onde os autores, ou não têm visitas ou não têm comentários, por vezes um misto das duas coisas, mas continuam na urgência de comunicar. Eu não teria essa humildade porque preciso muito dos outros. É certo que o meu não é assim tão comentado, mas é muito visitado mesmo por quem não é "seguidor", e isso deixa-me feliz porque o princípio que me move nunca foi a vaidade ou a inanidade mas a Partilha! Só assim  faço sentido no meu universo que tem constelações porque outros existem (e agora refiro-me também, e sobretudo, à vida dita real). Não há nada que me faça mais feliz do que a comunhão universal, e talvez por isso não seja individualista, egoísta ou calculista. Espontaneidade, simplicidade, amor e partilha, podiam ser definições de mim. E, claro, um grau de estupidez, sempre muito crente na Humanidade, muito inocente, mas não deixando de acreditar que existe mais bem do que mal no mundo: apenas o bem não faz barulho!

Esta citação repete a ideia que já tinha produzido e defendido em post há mais ou menos um ano. Quando nos damos demasiadamente bem com todos, algo vai mal, porque ou fingimos que gostamos e agradamos, ou é impossível gostar sempre de tudo só porque é nosso amigo! Não falo da cortesia e simpatia, necessárias e até pedagógicas, mas balizadas pelo que é educação e pelo que é pensamento próprio e discordância. E discordar nao é desrespeitar, ser menos agradável ou até ofensivo. É apenas dizer como vemos a mesma situação mas pelo nosso prisma, se não for coincidente com o nosso. Caso contrário, idolatramos os outros pelo preço de nos darmos bem com todos e, pior do que isso, não o estamos a ajudar a crescer. Também residimos na diferença, e devemos ter a assertividade de a dar a conhecer, embora sempre da forma mais amiga e sincera, como quem diz "não gosto de chocolate mas agradeço a tua oferta". Não é que não goste de chocolate, fica já o aviso. Pelo contrário. Guloso e muito ;) Mas entre o que não gostamos e a maneira como o dizemos, por vezes arrogantes ou altivos, vai toda uma diferença. Da simplicidade e do amor, nasce a partilha espontânea. Agradar a todos equivale a não gostar verdadeiramente de ninguém. Ou, como diz a citação "Não se estima ninguém quando se estima todo o mundo"... Talvez por eu ser tão intensamento verdadeiro e visceralmente dado mesmo a quem não conheço, estas anuências a la yes friends cheiram-me sempre a um pouquinho mais do que educação. Dou-me por inteiro. Não por cortesia. Talvez por isso a frase me diga tanto no relacionamento que pugno simples e amigo entre cada ser humano. (Eu avisei que era estúpido) ;)

Deixo-vos, neste tempo de verão, com um video de Lisa Gerard (a voz dos Dead Can Dance) que volta e meia recoloco no facebook. Mergulhem nessas águas de paz... e de partilha. E que o verão possa ser um tempo para retemperar forças... da alma. O nosso tempo de vida é curto, e é no agora que enterramos sonhos ou moldamos futuros. Sem nunca esquecer de viver o presente.

Como diriam os americanos sempre que querem expressar essa admiração pessoal de afecto pelo outro: LOVE YOU!