17.12.11

.WHAT'S CHRISTMAS ALL ABOUT?


No enfrentar sereno da vida e da morte, o amor é a condição fundamental. Podemos ter vidas espantosas e empolgantes ou extraordinariamente simples e discretas. Podemos ser conhecidos para o bem e para o mal ou praticamente ignorados pelos holofotes da fama, mas aquilo que é decisivo é o amor, dado e recebido, nesta escolha que é necessário fazer todos os dias que tem também a ver com o escutar o que nos vai na alma. 

Mas com a crise e a confusão que sempre se instalou nos nossos espíritos de que o Natal é aquela época do consumismo puro, das prendas e galhardetes e que é só por isso é que é Natal, os valores estão invertidos e a própria natureza do Natal também!  No video que deixo abaixo, à pergunta "Afinal o que é isso do Natal?", Charlie Brown responde o que é efectivamente o Natal com a narração que lhe deu origem.

A deturpação dos símbolos, com centros comerciais transformados em viveiros de oficinas ambulantes do pai Natal, e a azáfama de baratas tontas que acomete as pessoas em particular no dia 24, é natural que muitas pessoas digam "este ano não há Natal" (devido à crise). E se é verdade que custa  nao poder ter o que se quer (eu diria que devia custar muito mais nao se poder oferecer o que gostam), mais verdade é que o Natal nunca foi uma época de materialismo, ficando por aí apenas os resquícios de solidariedade com instituições e ajuda a todos e mais alguns, como se durante o ano não houvesse necessidade de ajudar quem quer que seja! Tal como as prendas: gosto de oferecer qualquer coisa mesmo que nao seja natal, nem anos, nem Páscoa! Dou tanto mais valor aos dias anónimos do ano, aqueles de 2ª a 6ª em que ninguém se lembra de ninguém e muito menos são épocas festivas.... Como nesses dias sabe bem uma sms, uma prendinha, um batido, um livro, um sorriso, um gesto, um jogo do monopólio :) Esses costumam ser os meus pequenos natais :) Oferecer um símbolo, algo que me suscitou interesse e era a cara desta ou daquela pessoa, presentear abraços, presença, estar com, ou o tal objecto que me fez lembrar que alguém iria gostar muito por mais insignificante que seja (um livro, um cd, uma caneta, um urso, wahtever may be...). E, sendo assim, parece que as prendas institucionais do Natal perdem maior significado, porque sabemos presentear durante todo o ano com amizade imaterial e em gestos concretos da fisicidade das coisas.

Um grande violinista tocava uma música celestial na Central Station em Nova York, com um violino Stradivarius valioso (3.000.000 de dólares), mas ninguém lhe ligava. O mesmo violinista tinha tocado uma semana antes no teatro principal de Nova York diante de uma plateia entusiasta, onde o preço de cada bilhete de entrada era pelo menos 500 dólares. Então nesta sociedade consumista e materialista, onde só se fala de finanças, não haverá lugar para valores que não têm preço? Não haverá lugar para a gratuidade?

"Vai onde não possas/
vê onde não vês:
escuta onde não ressoa
e assim estarás onde Deus fala" - escreve Angelus Silesius. Isso, meus amigos, independentemente das crenças, é Natal!