Fechado num
casulo de algodão.
Ouvindo a chuva ameaçar
o parco conforto.
Batidas as trevas,
de novo o temor.
Nulas palpitações
que agonizam todo o ser.
A chuva cai miudinha,
amiga, cúmplice,
mas no casulo de algodão
nao se entrevê a liberdade!
E assim escrevo com a alma
o parto dorido da existência,
mesmo se me alegro nos
momentos de simplicidade.
E neste cíclico dualismo
de alegria e solidão,
as estrelas desenham noites
brilhantes de luar,
enquanto no caminho
a terra cava sulcos de dor
que ninguem vê.
Tapo-me assim,
nas vestes frágeis e rotas
que aos outros parecem
mantos de veludo
em festins dourados
de uma festa inexistente.