8.3.13

EM TI, ACREDITEI...

Nas tuas mãos está o calor que me abrasa a alma
e na tua dúvida imensa está a minha certeza de te amar.
O tempo costuma ser senhor de
tanta coisa
e a proximidade legitima as intenções,
mas na entrega pura de um mar de afectos
em que as ondas são vulcânicas em se dar,
está o desejo de um coração suspenso
que transcende as regras dos homens e dos enganos,
do próprio tempo e da proximidade,
porque só conhece de si o amor.
 
O mundo sustém-se e o tempo cristaliza-se
enquanto não vir que também tu vieste a mim,
e ao veres o meu sangue descobrires que sou de carne
e não a embalagem higiénica das palavras
ou de razões cerebrais.
 
Nesse momento compreenderás que afinal
amar é quebrar o espaço e o tempo
e adormecer sorrindo no colo da emoção.
 
E se o medo uma vez mais nos invadir
como quem engana que amar não é possível,
diz-lhe que é preciso também acreditar
porque amar não é cuidar de vez em quando
mas sentir cada momento mesmo na ausência.
 
Não existe amor sem loucura
porque amar é despojarmo-nos da autosuficiência
que continuamente ilude os egos fracos.
Somos prisioneiros da razão.
E a única prova do amor é a própria entrega
porque sem o outro somos incompletos
como pássaros sem asas que julgam na mesma poder voar
 
Dói o medo. Dói a dúvida da ausência e do engano.
Mas só até chegarmos à humildade dos simples
acreditando noutro coração feito de carne
sentindo que é afinal possível haver assim outro alguém...