2.4.13

ASSIM NASCEM AS ESTRELAS!

 
 
Se passares os clarões das trovoadas
e da chuva nao temeres molhar-te!
Se tiveres em teu colo o amor
e das incertezas não fizeres caminho!
Se da dávida abrires as mãos em
acolhimento e entrega,
e de dentro das amarras quebrares
os elos que te impedem...
conhecerás que as rosas têm
espinhos que não te farão mal
se lhe conheceres o perfume!

E saberás que o sol
por vezes nasce doente
mas não deixa de ser
o astro rei!
E que a lua brilha pálida
uma ou outra vez,
mas é o luzeiro que ilumina
a noite mais profunda!

E que o caminho incerto só é
longo se não andares,
petrificado no deve e haver da emoção,
contabilizando afectos e razões
cujo resultado nunca será líquido,
porque o amor também é racional
mas não fala a linguagem da matemática,
e tem o poder de trocar as voltas
se o mereceres,
até que um dia percebas
entre lágrimas que não choraste
e risos que deste, que ali
se encontra o paraíso,
longe da poesia e das palavras fáceis,
em rosas que sangram,
em pétalas que se dão,
em chuva que não molha,
em relâmpagos de beleza,
em toques que se perpetuam
mesmo depois da despedida...

E sorrisos que nenhum castelo
alberga nem nenhum palácio tem
que não o lar da alma,
esse onde aprendeste o amor,
como quem dá de si
 sem se importar se perdeu,
como quem corre à chuva
sem se importar se está molhado,
como quem acredita também na ausência,
como quem voa sem ter asas
na imensa vida, densa, interior e bela
de quem conhece a comunhão.

Então dirás que amaste!
Dirás que não te furtaste ao paraíso
porque a imperfeição existe lá
sob a forma de quem dá,
de quem recebe por inteiro
num fluxo contínuo
de crescimento e dor,
de entrega e amor!

E então saberás que viveste.
E na apreensão dos gestos
só a totalidade conta.
E quando perguntado
por que te moves,
que caminho fizeste,
terás à tua espera um jardim,
onde com alegria e júbilo
o amor serás tu mesmo,
como mãos que se tocam
em silêncio de palavras.

E no capítulo humano da entrega
a tua vida escreveu-se a ouro
quando julgavas estar descalço
sobre a areia escaldante das
dúvidas e temor...