10.4.13

LUZ NO NEVOEIRO

 
Todos os dias afogamos ilusões e esperanças, e todos os dias renascemos no mesmo sonho que deu à luz. Todos os dias o sol nasce mesmo quando o não vemos, nublado pelas cortinas de chuva do próprio viver. Do fundo de nós arrancamos sempre a força para a tarefa de ser e acreditar, mesmo que coxos, mesmo que meio cegos com o feixe da plenitude. Em tantos rostos se julga haver alegria e abundância, quando tantas vezes impera um quase existencialismo, uma necessidade urgente de si e do outro, uma solidão ainda que menor, uma lágrima não percebida da sua própria condição. E tal como o sol e a chuva se cruzam insistentes além do olhar, também nós geramos arco íris como bolhas de vida no cinzento dos dias. E de repente tudo se harmoniza, como se não fosse fatídico e necessário que houvesse sempre dor além de uma intrínseca alegria sempre auto limitada nas curvas do viver. E percebemos que somos feitos da mesma massa, e que na diversidade individual que caracteriza o único, fermentamos todos os sentires que a própria emoção descobrirá. E confiantes e serenos que o caminhar é mesmo assim, descobrimos no olhar, no abraço e na entrega, que ser feliz é ter paz, e que mais do que pensar e projectar, é viver no momento a eternidade que nos faz...